ACORDA

- Bom dia, pai. Bom dia, mãe

- Bom dia, meu filho.

- Pai, mãe, tive um sonho e tanto hoje!

- É mesmo, filho, conta.

- Sonhei que a gente era bem pobre, mas bem pobre mesmo! Estávamos morando numa casinha bem pequenininha, um barraco com um cômodo só. Não tinha TV, não tinha computador, não tinha móveis, não tinha nada, nem eletricidade e água encanada!

- É mesmo! Puxa, que pesadelo! Mas conte mais do sonho.

- No sonho a gente tava com umas roupas bem velhas. Todos sujos e descabelados. Quase não tinha comida e você, mãe, estava grávida e segurando um bebezinho no colo que chorava muito, e meu irmãozinho também não parava de chorar de fome!

- Nossa, meu filho, que coisa!

- E você, papai, tinha um carrinho de mão velho e estava saindo de manhã cedo e me chamando pra ir junto com o senhor pra ir pegar ferro velho pra gente vender pra conseguir uns trocados.

- Puxa, meu filho, que coisa!

- É. Quando acordei foi um alívio e tanto! Ver minha cama tão confortável, no meu quarto com todos os meus brinquedos. Ver nossa casa grande e bonita, e nossa mesa cheia de comida.

- Que bom que foi só um sonho, filho.

- Pois é. Mas, pai? Mãe? Por que as paredes tão derretendo? Por que o céu ta vermelho? Por que não to conseguindo ver o rosto de vocês? Pai?! Mãe?!

- Acorda, menino! A gente tem que catar muito ferro hoje. Bora, levanta logo!

Vinícius Costa
Enviado por Vinícius Costa em 31/01/2020
Reeditado em 31/01/2020
Código do texto: T6855313
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