O poço amargo

As marcas de unhas deixam bem claro o que aconteceu, meus olhos não podiam me enganar.

Na casa estranha com sombras estranhas, lá no fundo do quintal, um poço estranho de onde vozes viam, e eu com medo e com os olhos sem piscar, observava.

Lá do fundo as vozes viam, todas pedindo ajuda ou uns trocados, mas do fundo escuro e misterioso, com sua água escura e amarga, assim era nosso poço.

Caminhando como um covarde que sou, em passo a passo fui até o poço, senti o vento frio que do fundo dele vinha, e com olhos que tremiam vi o fundo do poço.

Era muito fundo e me dava náusea, e lá no fundo eu podia escutar o barulho da água se agitando, como se alguma coisa tentasse subir.

Algo me puxou para o fundo do poço e nesse momento caguei nas calças, cai na água fedida e escura do poço, engoli seu gosto amargo. Eu não podia sentir o fundo com meus pés, então comecei a me afogar, a cada gole de água que engolia, sentia que minha vida estava acabando.

E lá no fundo do poço eu via muitas caveiras, que aqui morreram, muitas crianças como eu.

E suas mãos tentavam me puxar para baixo, que triste fim para uma criança triste como eu, mas as paredes do poço contavam histórias, e foi assim que aprendi a disser o nome dela.

Escrito com marcas de unhas e sangue, ali estava seu nome de bruxa, uma jovem garota que foi queimada a muito tempo atrás.

E com o pouco ar nos pulmões que me sobravam, eu a chamei, do mais fundo do poço ela veio, me pegou pelas calças e me salvou.

Agora como covarde olho para ela me olhando, ela em os olhos vazios e eles parecem aquários, pois estão cheios de água.

Eu tremia, sentia anseia, ela cheirava coisa mofada.

E no meio disso tudo, nem vi que a noite veio, e aqui estou com a velha bruxa aprendendo magia e a não temer o escuro, ela é minha amiga e eu a convidei para ir em minha casa.

Todo lugar que ela anda é molhado pela água amarga do poço, ela não gosta de ninguém, ela já tentou matar minha mãe, mas consegui impedir, infelizmente minha mãe acha que isso foi um sonho, ela é cruel, seu olhar vazio diz isso.

A bruxa que foi afogada e depois queimada, assim ela disse, ela servia um Demônio antigo que deu a ela a vida eterna, mas ele não disse que seria em um poço miserável.

A bruxa fez tudo que seu Demônio mandou, ela saiu molhada do poço e espalhou a praga, fez irmãos de igreja se matarem.

Pois aí está a bruxa do poço, terrível e diabólica como sempre, agora livre.

E esse é só o começo...

Cristiano Siqueira 28/12/19

cristiano siqueira
Enviado por cristiano siqueira em 28/12/2019
Reeditado em 28/12/2019
Código do texto: T6828958
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