97 - Noventa e Sete

Quando percebeu que lhe pesava muito a solidão, que não era bom comer sozinho, quando nem o vizinho conhecia e não tinha a quem contar porções mais leves da vida, encontrou na parede do prédio um caracol. Trouxe-o para casa e depositou-o, ao almoço, numa tenra folha de alface. Achou que Procópio poderia ser um nome para o novo amigo. Passaram a conversar, passou a ter a preocupação de colocar o animal ao sol no peitoril da janela e a de procurar a dieta que o seu companheiro mais gostava .Um dia, ao café, Procópio lembrou que a Primavera estava a acabar e que ele estava a perder ocasião de ser feliz. Despediram-se e ele ficou muito tempo a ver a lentidão perder-se na vegetação do caminho.

Edgardo Xavier
Enviado por Edgardo Xavier em 28/11/2019
Reeditado em 28/11/2019
Código do texto: T6805610
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