97 - Noventa e Sete
Quando percebeu que lhe pesava muito a solidão, que não era bom comer sozinho, quando nem o vizinho conhecia e não tinha a quem contar porções mais leves da vida, encontrou na parede do prédio um caracol. Trouxe-o para casa e depositou-o, ao almoço, numa tenra folha de alface. Achou que Procópio poderia ser um nome para o novo amigo. Passaram a conversar, passou a ter a preocupação de colocar o animal ao sol no peitoril da janela e a de procurar a dieta que o seu companheiro mais gostava .Um dia, ao café, Procópio lembrou que a Primavera estava a acabar e que ele estava a perder ocasião de ser feliz. Despediram-se e ele ficou muito tempo a ver a lentidão perder-se na vegetação do caminho.