Com( passos da morte)
Naquela mesa reuníamos as sextas feiras, era dia sagrado para nossas "infernações." Estávamos próximos de nossos ancestrais, a luz sempre apagada e o cômodo sempre a luz de velas, cheiro de incenso. Prosas e aprendizados faziam parte de nossos ritos. Uma prateleira com várias estátuas representava cada um de nossos camaradas do outro lado. Era emocionante como podíamos estar tão acolhidos assim pelo o oculto. Outras pessoas tinham curiosidade de conhecer e de frequentar mas os senhores entravam em conflito quando raramente ocorria, pois era para poucos...
O tempo... Aaarrgh...
O tempo passou, muita coisa mudou e meus irmãos também se mudaram para outro país por motivo de força maior, não fui na despedida, até hoje me culpo por isto, eu estava doente e internado, eis que um inverno depois consegui voar para perto deles, a visita foi breve mas bastante emocionante. Infelizmente tive que voltar e não me esqueço dos olhos azuis e cabisbaixos de meu irmão pedindo para eu não ir e que precisava de mim lá, mas não teve jeito. Minha irmã Nasú também ficou triste, mas não demonstrou muito, pois é muito fria aquela diaba, e não tínhamos o que fazer. Nasú me deu um ímã de geladeira com a imagem de um castelo daquela cidade chamada Sintra. Fora nosso último encontro. Começamos a produção de um filme underground escrito polo meu irmão Sognenfjord, fiz duas cenas a distância aqui no Brasil... a ampulheta nunca para, o tempo é duro e quando algo tem de acontecer, não podemos intervir... Naquela mesa não haverá mais o meu irmão, ele me ensinou muito e não poderá ensinar mais. Em um sonho eu acordei com a voz dele me agradecendo por tudo e saindo de perto sereno e sorrindo. Hoje me orgulho de ter feito parte da história... Ainda não é o fim, ele fez uma boa passagem e está entre nós.