ITA & ESTER
A amada de Ita, ao inferno levada por engano.
Ita só tinha um dia para encontrar sua amada
Desceu ao inferno com sua alma alarmada.
Ele não esperava entrar num lugar tão profano.
Os demônios brigavam por poder
Ita assustado só pensava em Ester
E estava lá... Para o que der e vier,
Mas tinha que um lado, escolher.
A ala da frente não era para os amantes
Ali só ficavam os fumantes
Que olhavam arrogantes
Para os que chegavam sem diamantes.
O inferno era organizado
Os amantes ficavam separados,
Pois aqueles escravizados
Não podiam amar.
Ita entrou em desespero
A sua roupa anil foi trocada sem glamour
No inferno não podia usar azul
O azul é do céu
O inferno não tem cor
De norte até o sul.
Ester foi trancada na masmorra
Sem comer até que morra
Para nunca mais amar.
No inferno, amar é uma afronta,
E a alma só fica pronta
Quando se esquece de amar.
Ita não pensou duas vezes
E antes que os dois virassem fregueses
Subia à masmorra sem pestanejar
A sua amada Ester estava presa lá.
Pensou Ita: perco a vida perco tudo,
Mas sem Ester é absurdo
Que esse inferno me consuma
E nesse lago de enxofre e espuma
Não há Ita que assuma
Uma morte sem Ester.
Dou a vida enfrento a morte,
Mas não quero essa má sorte
De morrer ou viver, sequer,
Sem o amor dessa mulher.
Desci ao inferno sem medo
Em mim não tremeu nem um dedo
Meu amor por Ester não é segredo
Nem o dela que pra mim é enredo.
Encontrarei minha amada
Nesta terra malvada
Em que ninguém pode amar.
Não haverá demônio feio
Que impedirá meu devaneio
De um dia morrer nos braços dessa mulher
A minha amada! A minha querida Ester.
Ita invadiu a masmorra
E ao avistar Ester, ele gritou:
Vivo num céu de amor,
Mas foi aqui no inferno,
Que encontrei meu esplendor.
Abraçou Ester e a beijou
E o céu se abriu
Deixando o inferno
Para quem vive sem amor.
Ênio Azevedo