NOCTURNO
Octavio andava pelas ruas durante a madrugada daquela cidade cujas ruínas datavam de antes da era Cristã. Passava por aqueles lugares e sentia a bravura dos que habitaram ali. Poder, lutas, guerras, covardia, traições, justiça e injustiça, conquistas e destruições. Homens dominadores, mulheres poderosas e influenciadoras, deixaram registrados seus feitos bons ou maus, cravados na história da humanidade.
Resíduos dos monumentos que vem resistindo ao tempo, fazia Octávio ter sensações estarrecedoras, trazendo alucinações que o apavoravam pois se via ali na época em que teria sido rei por muitos anos, mesmo sendo de família plebeia e adotado. As cenas eram como filme passando em sua mente e passava a noite em transe, sentindo e vivendo aqueles momentos.
Via que seu reinado havia dado início a uma era de paz relativa que durou séculos, tendo conquistado fronteiras, desenvolvido estradas, reformado a tributação, estabelecido um exército permanente e reconstrução de grande parte da cidade. Sentia sua morte com 71 anos, provavelmente assassinado por sua mulher.
Quando o dia amanhecia tudo voltava ao normal. Precisava seguir sua vida, seu trabalho e não via como contar o que se passava com ele. Tinha medo de dizerem que estava enlouquecendo.