Além do Obscuro

(baseado em sonhos reais)

O diário obscuro de Maycon Tienga

PARTE 1

Era uma noite qualquer, contudo era o que eu pensava. O que sempre faço: pensar e falar sozinho à noite.

Mas nessa noite, algo estranho aconteceu:

De repente, apareceu em minha frente uma mulher.

Vestida de vestido longo preto, e um cabelo preto, e olhos pretos.

Ela não se identificou, apenas ficou parada no meu quarto, me observando.

E eu claro, cheio de temor, tentei fechar os olhos, para tentar imaginar que era mentira.

Ao reabrir os olhos, ela havia sumido, deixando uma pétala de rosa vermelha ao chão e uma gota de sangue.

Eu não entendi nada, é claro.

Guardei a pétala debaixo da cama e limpei o chão e tentei dormir, assombrado pela visão, que pra mim foi real.

PARTE 2

No outro dia, ao acordar, peguei a pétala e comecei a cheirá-la, e tinha cheiro e gosto de sangue.

Eu disse comigo mesmo: Sangue? Mas, Porque sangue?

Neste exato momento, me recordei de um sonho que tive, onde essa tal mulher estava.

Ela gritava, e gemia de dor, amarrada pelas mãos e pelos pés numa velha e antiga cama (toda suja), e pela sua vagina saia muito sangue.

Eu pensei.

Estupro? Aborto? Assassinato? Sadomasoquismo?

Não sei, só sei que parecia um ritual.

E não era de magia negra.

Pensei muito.

Daí, senti algo em meu estômago, uma vontade de vomitar.

Mas vomitar o quê? Se estou há dias sem comer, devido àquela aparição?

Minha vontade era de beber sangue.

Logo eu, que tenho tanta aversão a sangue?

Sim, logo eu!

PARTE 3

Sangue, sangue, sangue. Gritou meu coração, ou melhor, gritou minha alma.

E agora, o que fazer? Vampiro. Eu sei que não sou. O que na verdade surgiu em mim foi algo devasso.

A Mulher da aparição surgiu novamente, numa noite fria, e segurou minha mão, aí eu pensei, vou desmaiar, mas não foi o que aconteceu.

Na verdade o que aconteceu foi que ela me deu mão, toda suja de sangue, e me transportou a um lugar muito escuro.

Pensei que fosse uma caverna, mas eu não via.

Mas logo percebi que era uma floresta, e vi alguns animais correndo.

Ela disse: olha aquele animal ali.

Olha a alma dele.

Olha o que ele lhe pede.

Eu perguntei: o que ele pede?

Ela me disse: ele quer você.

Eu lhe disse: como assim eu?

Ela olhou pra mim com olhar seduzível e disse: acho que você já sabe.

PARTE 4

De repente percebi que dentro de mim algo gritou um grito devasso, meio que perturbador.

A mulher estava certa. Eu tinha agora a plena certeza de o que eu queria era detonar sexualmente aquele animal.

Não vou entrar em muitos detalhes. Ou devo? Na verdade o leitor sempre pede.

Cheguei perto do animal (que estava manso), e ele olhava pra mim, com olhar sedutor (estávamos conectados), eu estranhei, e pensei:

- Como assim? Um animal seduzível.

Então o animal veio ao meu encontro.

Percebi então que algo iria acontecer.

Ele iria me matar.

Mas a mulher suavemente disse aos meus ouvidos:

- Ele quer você. E daquela maneira que eu disse. Não fique com medo.

No instante que ela terminou de dizer isso, eu acordei numa cabana, todo sujo de sangue. Na verdade, ensanguentado.

Não entendi praticamente nada. Como fui parar numa cabana, se eu nem andei?

O que aconteceu?

PARTE 5

Dentro da cabana havia imagens eróticas, pedaços de carnes de animais e homens, mas no caso dos homens, seus órgãos reprodutores, ou melhor, seus pênis.

Eu logo entrei num transe sexual.

Eu nunca imaginei que por causa de um desejo reprimido fosse ser tão perturbador e canibal assim.

Me perguntei: como isso aconteceu ?

Como todas essas imagens foram parar aqui?

E esses corpos mortos?

A mulher da aparição me disse: isso tudo foi reflexo de seus sonhos eróticos reprimidos, você se lembra?

Eu tremi e disse: lembro!

Me envergonhei na mesma hora.

PARTE 6

Comecei a caminhar pela cabana, fui ao banheiro, e encontrei um garoto morto (na verdade um adolescente), ou era o que eu imaginava que estava.

Eu me aproximei do garoto, e o toquei.

Ele disse: mate-me!

Eu tomei um susto, e logo cai ao chão.

Levantei o menino e tentei motivá-lo a tomar um banho e mudar sobre a ideia de morrer, e ele disse: eu não quero viver.

Mate-me!

Eu pensei, sai do banheiro, e voltei à sala.

O garoto veio atrás de mim.

Eu lhe disse: porque me persegue?

Ele me disse: quero você.

Eu lhe disse: você quer meu corpo, meu sangue?

Ele disse: você sabe o que eu quero.

Foi neste exato momento que o espírito daquela mulher me possuiu e me fez transar com aquele garoto, na sala suja de sangue.

Imagine a cena.

PARTE 7

Quando terminamos a relação, o garoto estava com uma faca na mão, e cortou meu órgão genital.

Eu gritei, chorei demais, mas não morri.

Por incrível que pareça, senti-me melhor.

De agora em diante pensei, agora sou uma mulher.

Uma mulher devassa, que viverá por esse extinto.

Sangue, sangue, sangue correram pelo meu meio.

O garoto veio e me deu um copo com um antídoto.

Quando tomei, acordei num sanatório.

PARTE 8

Ao acordar no sanatório, todo amarrado, tomei um susto.

Gritei bem alto: me tirem daqui!

Pensei comigo mesmo: eu num sanatório?

Mas não sou louco.

O que eu estou fazendo aqui?

Vieram alguns pensamentos perturbadores na minha mente.

Doía muito, parecia que ia explodir.

A mulher da aparição apareceu no quarto, onde eu estava e me disse: eu te trouxe até aqui. Já já você sair.

Mas primeiro escute o que eu vou te dizer:

Quando entrar um psiquiatra, faça tudo que eu mandar.

E se não fizer, te matarei.

PARTE 9

O psiquiatra entrou em meu quarto, para ver como eu estava, e eu fingi que estava dormindo.

A mulher da aparição me desamarrou primeiro, antes dele entrar, e me deu uma faca.

E disse-me: mate-o.

Eu disse: porque?

O que ele te fez?

Ela disse: porque eu quero.

Eu lhe disse: eu nunca matei ninguém.

Ela disse: hoje é o seu dia.

Se não o matar, eu te matarei.

Com medo dela, o matei com a faca na barriga, os outros médicos ouviram e eu fugi com a mulher para aquela cabana.

Como cheguei lá?

Não sei.

Só sei que cheguei, e chorei demais ao assassinar alguém inocente.

O garoto que estava na cabana, me abraçou.

A mulher desapareceu.

Eu e ele conversamos sobre o ocorrido.

O garoto me disse: ela sempre faz isso.

Eu o perguntei: mas por qual motivo?

O garoto se calou.

Não soube responder.

PARTE 10

Na cabana, encontrei novamente um garoto, e ele estava transando com um animal.

Me assustei de imediato, ele olhou pra mim e disse:

O que foi?

Isso é normal?

Aliás, você já fez isso antes.

E fará muito mais. Este é o teu destino.

Eu lhe disse: destino?

Ela disse: sim. Para isso que você nasceu.

E ele continuara a relação devassa.

Sentei no sofá e assisti a cena, ao término.

O garoto estava cansado.

E matou o animal a facadas na minha frente, e foi horrendo.

A mulher da a parição me disse : isso aí garoto, você me entende.

Mas eu, calado fiquei, mudo.

Contudo em minha mente surgiram pensamentos de alguém que só queria sair daquele lugar.

A mulher trancara a porta.

Janela não tinha.

Como fugir?

Para onde ir?

A mulher lendo meus pensamentos me disse: garoto, aqui é o seu lugar.

Aqui será eternamente seu lugar.

E já tem carne pra você, num dos quartos.

Eu me levantei do sofá, coberto de sangue e fui em direção ao quarto que ela me dissera.

Havia dois homens mais velhos que eu lá.

Esses homens tinham uma bíblia na mão.

Eu estranhei: uma bíblia?

Mas por que, uma bíblia?

(profanar o sagrado pensei).

Mas um deles me deu a bíblia:

E não era uma bíblia comum, como a sagrada.

Era a bíblia dos devassos.

Então comecei a lê-la.

PARTE 11

Ao ler a bíblia, dentro de mim começou a surgir certos espíritos, que estava num abismo, e que agora começaram a habitar meu corpo.

Percebi que não era mais eu, e sim a devassidão e a lascívia.

A mulher da aparição começou a rir, mas rir demais, e eu dei um tapa na cara dela, peguei uma faca e tentei matá-la.

Contudo neste mesmo instante, o garoto apareceu e me impediu e disse:

-Nela você não toca.

Porque se tentar matá-la, eu te mato.

Então, eu perplexo de ódio daquela mulher, sai da cabana e fui em direção à floresta.

Tudo quanto era animal eu matava.

Até que apareceu um caçador, e olhou pra mim, com certo receio.

E tentou seguir seu rumo.

Infelizmente, pro azar dele, eu o seduzi, e ele caiu em meus encantos e transamos por duas vezes, quando ele dormiu,

Eu cortei seu pênis, e o joguei no rio.

Seu corpo ficou ao chão, bebi de seu sangue.

Saciei minha carne.

E fui à busca de outros.

PARTE 12

O DESTINO FINAL

Voltei-me a noite em que apareceu aquela mulher, no meu quarto. Percebi que as paredes do meu quarto estavam cheias de sangue, que só eu conseguia ver.

A mulher apareceu novamente e me mandou escrever uma carta.

Uma carta? Disse eu.

Ela disse: sim, uma carta.

Eu lhe perguntei: porque uma carta? O que quer dizer na carta, qual motivo, e quem vai lê-la?

Ela me disse cheia de remorso: olha garoto, há muitos anos atrás, eu fui estuprada pelo meu pai, e meu desejo ardente por homens, animais, e toda essa devassidão tomaram conta do meu ser.

Era uma fuga da realidade que eu não queria entender.

Não tive ajuda de ninguém, e tive que esconder isso tudo durante 20 anos , até que algo me trouxe até você, não sei por qual motivo. Mas aqui estou, e o que lhe peço é escreva uma carta relatando tudo que eu fizera e depois disso me mate.

Eu disse: eu não vou te matar.

Ela disse: eu imploro.

Se não me matar, eu me matarei.

Eu disse: não faça isso.

Ela disse: é o fim.

E quando menos pensei, ela pegou sua faca que estava dentro do seu vestido preto, e enfiou na sua garganta.

A morte foi evidente.

O garoto chorou amargamente, porque já a via como uma amiga.

E fez o mesmo, se matou e se deitou ao corpo dela.

Fim!

18 de dezembro de 2018

Maycon Tienga Poeta do Obscuro
Enviado por Maycon Tienga Poeta do Obscuro em 23/07/2019
Código do texto: T6702394
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