LIBRAS (LINGUAGEM)
Brasil, nordeste, Sul do Maranhão, ano de 2060. A cidade era relativamente pequena, mas com uma ótima infraestrutura, enfim as cidades desse Estado começavam a crescer e oferecerem um pouco de dignidade para seus moradores e visitantes; o sul do Estado sempre foi uma região promissora, principalmente o agronegócio.
Renato era um dos maiores agricultores da região, ele era casado com Elizabeth professora universitária e os dois tiveram uma única filha que nasceu surda e muda e desde pequena foi familiarizada com a Libra a linguagem dos sinais...
O Agricultor e empresário Renato era um homem muito ocupado e chegava tarde da noite todos os dias e a sua esposa Elizabeth passava o dia na Universidade, dando aulas, a solução encontrada por eles, foi contratar uma babá para cuidar da pequena Sara que já estava com três aninhos e era surda e muda. A garotinha tinha aula de Libras todos os dias em sua casa e rapidamente ia aprendendo a se comunicar.
Passados algum tempo, Sara já tinha sete anos e como os seus pais passavam o dia inteiro fora, a garotinha através de sinais, pediu para os pais, um cachorro de estimação. Sara ficou muito feliz e passou a interagir com o seu cãozinho todos os dias.
Sabe-se que há cães que por instinto e técnicas de adestramento, aprendem a realizar tarefas sob o comando de alguém, mas neste no caso do cãozinho de Sara, tudo aconteceu de modo inédito e surreal.
A babá que foi contratada para cuidar exclusivamente de Sara, não dava muita atenção para o cão e o deixava muito tempo sem comida e sozinho lá fora, acorrentado dentro de uma casinha de cachorro que o senhor Renato providenciou.
O cão ficava agitado e uivava muito e só depois de muito tempo, que, a pedido de Sara, a babá levava comida e água para ele. Após a aula de Libras, Sara pedia para brincar com o seu cãozinho.
O cão ficava sentado de frente para Sara, observando-a atentamente. A garota fazia sinais e usava objetos para identificar as coisas que queria dizer, na verdade, Sara queria ensinar o seu cão a linguagem de sinais e o cão ficava concentrado em Sara como quem estivesse entendendo tudo.
Todos os dias, Sara fazia a mesma coisa... Ensinando os sinais aprendidos, para o seu cãozinho. Foram anos de aprendizado, até que um dia, Sara percebeu que o cão se comunicava com ela através de alguns sinais. A garota não dizia nada nem para os pais e nem para a babá. O cão usava uma das patas e às vezes as duas para se comunicar e ainda gesticulava com a cabeça e com a língua.
Sara entendia tudo e parece que o cão, por sua vez, também compreendia o que Sara lhe perguntava. Quando o aprendizado já estava mais aprimorado, o cão disse para Sara que estava triste, pois não gostava de ficar sozinho acorrentado dentro daquela casinha e disse também que a babá às vezes, batia muito nele e o deixava com fome por muito tempo.
Sara então resolveu dizer para os seus pais tudo aquilo que o cão lhe dissera através de sinais. A princípio, o senhor Renato e senhora Elizabeth não acreditaram muito nessa história, mas num final de semana em que os dois estavam em casa, puderam presenciar o cachorro se comunicando com Sara através de sinais, os dois ficaram boquiabertos, não sabiam como aquilo era possível e o cão pedia para passear na rua e Sara transmitia para os seus pais que a essa altura da vida já haviam aprendido Libras também.
O cão reclamava sempre os maus tratos e queria brincar com Sara o tempo todo. Com essa comunicação surreal entre o cão e Sara e posteriormente com os pais dela, facilitou a convivência e o cão passou a ser tratado como um membro da família e foi ensinado a não fazer cocô dentro de casa, não morder nada que não pudesse, enfim... O cachorro passou a conviver com eles dentro de casa. Sabiam de todas as comidas que o cachorro não gostava e aquelas que ele preferia. Sara estava feliz com o seu cão e aquela babá que o maltratava, foi dedurada pelo próprio cão. Despedida, nunca mais se teve notícia.
Moral desta história:
Os cães podem não ser capazes de aprender Libras, mas se comunicam muito bem de outras formas e se procurássemos entendê-los melhor, saberíamos que nem os cães gostam de prisão, de abandono nem de maus tratos. “Se liga! Ser humano!”
Ênio Azevedo
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