UM CARROSSEL DE ILUSÕES NO OLHO ZEN
O Pico da Montanha é onde estão os meus pés por [Genshô, Monge]
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Mestre, mestre!
Eu preciso encontrar o site da Maga Lu!
Entre na agência zen, está cheio de seguimores na rede mor.
Mestre, eu só vejo papeis de parede e animadores e propagandas camufladas para crianças que lavam as mãos com sabonetes flamboyant, baby adesivos e Stickdecor usurpadores de inocências.
Mestre, eu quero os Oceanos, Odeon, Odeonete. Eu não quero ficar de olho nas redes sociais.
Chega, eu não quero me disfarçar de propaganda para ser lido.
Mestre, eu quero salvar a estrutura, eu não quero correspondências realizadas de forma massiva, eu quero o individualizado no silêncio do zen olho, eu quero a flechada-zen.
O que aconteceu com os verões mestre, o que aconteceu com os índios navajos americanos e agora querem fazer o mesmo com os amazônicos, Ah, mestre, cadê aquele tempo em que os olhos faiscavam com um livro na mão? Mestre, o que há com o balancê dessa massa que tá zuando enquanto eu tô de olho em você? O que há com esse tempo mestre, em que todos olham, mas ninguém vê.
O que há com essas crianças que giram com brinco e pulseira num carnaval de ilusões, mas não enxergam o cavalo que gira num carrossel?
Mestre, como desensinar essas crianças e dizer-lhes que os balões não são prêmios, que a alegria é artificial, que antes do fechar os olhos ainda piscam, que a força é inventiva, que é ela que mantêm você consciente: nariz, olho, língua, ouvido, mão. Que é o cérebro a força inventiva, e é ali onde está o alçapão. Como ensinar-lhes que o tempo são brancas nuvens e é um tubo que sobe e desce e é dupla proposta antes que se enlouqueça esperando um depois? Como ensinar-lhes mestre, que o sentido contrário também anda?
Mestre, o que fazer com essa geração cujo tempo é gravação de live, é para trás que se anda e se vê o sólido para chegar até aqui e concretiza-se na frente dos olhos nas mentiras filmadas.
Ah, mestre! Que tempo de ilusões é esse. As mentiras calculadas deixam vovós e menininhas com lágrimas diante da tela da televisão. Que tempos são esses mestre! Que complicadíssima missão!
Ah, mestre. Essa gente só quer ver romance entre rainhas e barões e não vê chegar a espaçonave 45 batendo na trave e seguem boquiabertos, abraços estabanados. Que estranho carrossel, me pergunto: Será que Buda tem praticado o caminho. Ou será que até o monge estaria perdido procurando o olho nesse carrossel de ilusões?
Eu procuro a montanha, eu preciso dos olhos para chegar lá no alto onde é o contrário de quem anda. Onde é o sólido nesse sobe e desce de ilusões? Onde é mestre, onde é?
Enquanto olho com meu olho de soslaio para isso tudo vejo uma decoração criativa, embora fugaz, uma capa de almofada colorida, estampada, exclusiva, um modelo japonês talvez, quem sabe um novo modelo europeu, ainda não sei se a vida cresceu. Se a vida é uma criança então é a esperança pequena. Há esperança mestre? Sim, há esperança. Os discordianos chegam, chega um guia de discórdia outra vez, e outra vez, e outra vez... Gira, gira, gira, gira, seguem adiante, voltam atrás, não saem do lugar... Porque ninguém vê? Todos olham, mas porque ninguém vê mestre, porque?
Sugerem as promoções, o site do instagram, larguem os livros, olho-por-olho, dente por dente, enxergam à frente, mas não adiante. Seguem as letras, o carrossel de fantasia, compram alegria, vendem enganos, é o componente da enganação. É o circulo que reza esse tempo com um olho de olho no mercado. É o alfabeto da estreia dessas crianças, agora é o netflix, a inteligência é artificial, é o espionado, estão engaiolados, mas só estão preocupados em manter o mercado enquanto a criança se esvai...
E a esperança mestre, e a esperança, onde está a esperança mestre?
Mestre, chega! Eu quero o azul e não o fuzil, eu quero a minha criança de quando tinha 3 anos, aquela que acreditava no melhor, acredita nas rosas, na mágica da cartola, acreditava nos olhos do luar, acreditava em perna de pau, acreditava num rio de águas cristalinas, em horizontes, acreditava em serras verdes, em molhadas neblinas, eu quero aquela criança que acreditava num olho d’ água, num girar do imenso carrossel para onde ela se foi?
Chega dessses lampirônicos de ditar esse longo tempo sem nunca fim, eu quero a argila ao invés do esmalte, eu quero o perfume da rosa ao invés da etiqueta da roupa que veste e expõe o nu, eu quero a cadeira da abracadabra ao invés desse festival de subdepartamentos de vendas de nada para tantos ninguém. Eu quero a erva doce e o gosto, quero as pedras de cristais. Eu quero hoje no tempo presente de presente para agora, eu quero o enquanto me olho no espelho e vejo que cresci sem nunca ter ficado grande. A vida gira num carrossel. Eu quero viajar com meus olhos e por mais que eu fingisse não saber o caminho eu sabia que via neles e eles sempre souberam que a íris do olho estava roubando o pico para a eternidade. Agora é amanhã e ainda é ontem e o que foi jamais será sem nunca ter sido ido ou ficado. Para trás e a frente é o espetáculo final de quem gira e segue no mesmo carrossel sem perceber que jamais saiu do lugar. Não me encolho e vou perguntar: Preferem carro ou o céu? Ou preferem o meu carrossel da terra do nunca para trás?
A impermanência é a essência do meu ser e o que sou jamais fui, serei ou serás...
Qualquer coisa podem levar, mas a minha alma está aqui... Todo o resto pode ir, de fato já foi, mas a alma segue enquanto o corpo cai à deriva num carrossel de ilusões...
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Uma abstração de um nada para um talvez, um quem sabe para um nunca saber, um seguir sem nunca ter ido... Ficando para um nunca ter ficado e nunca partir...
Seguir sendo sem jamais ter sido em todos os incontáveis mundos da ilusão...
Girar, girar, girar....
________ É parte da minha loucura, não enlouqueça tentando entender para o que não há entendimento além do que o olho pensa ver.... É parte de um exercício para esvaziar a mente que não mente jamais... É difícil conviver com a sanidade tentando conter a loucura diante deste insano tempo onde é preciso ser doce para esquecer mágoas e sofrimentos...
Qual é a cor e o peso da sua solidão neste tempo tão difuso em que encontra-se sozinho no meio de tantos?