A CHEGADA DA GRANDE GELADEIRA BRANCA

A Grande Geladeira Branca posou em frente à praça movimentada, e as bailarinas que de vestidinhos azuis... pararam de dançar e se olharam, preocupadas com o que podia acontecer com as inocentes crianças que brincavam ali. As crianças brincavam de escorregar pelos telhados das casas (casarões muito antigos)... caindo de bunda no asfalto recém-moldado. Elas não se machucavam, pois possuíam asas, que um arcanjo lhes fez, certa vez... Um poeta sozinho, tentava criar uma espécie de “Hino do Amor”, quando escutou o barulho quase ensurdecedor, que A grande Geladeira Branca emitiu ao posar. A poeira se levantou e ela se encaixou em 3 vagas de estacionamento. Todos os jovens cantavam sons de MPB e Bossa, e ainda que impressionados frente à aparição, continuaram entoando aquelas “Canções do Amor Demais”. Em vã tentativa de conter a própria ansiedade... muitos tomavam grandes goladas de caipirinha misturadas com medicações e algumas frutas cítricas... Frutas que existiam apenas no inferno, ou nos núcleos de vulcões adormecidos. As crianças patinavam em azulejos... e em cima delas (e APENAS em cima delas), caía neve – que no entanto era morninha e de água de coco. Enquanto o sol brilhava forte para os restantes. As bailarinas flutuavam, seus pés estavam poucos centímetros acima do chão... fazendo movimentos graciosos ao som de uma valsa de Strauss; que apenas elas podiam ouvir... O fato é que talvez A Grande Geladeira Branca nem mesmo fosse real. E ao mesmo tempo que um engasgue de horror brotava naquelas seres dali, este mesmo pigarro era seguido de um longo suspiro... que era seguido de um longo muxoxo... que era seguido de uma rápida cuspidela de tédio e desprezo... Diante da coisa que podia ser uma nave... Podia ser só uma geladeira comum (ou o frigobar de um gigante)... Podia ser a representação do "Juízo Final" ou dum "Novo Barato"... Podia ser um novo Deus enfurecido, filho do Deus do Novo Testamento e neto do Deus do Primeiro (que era enfurecido também...). Podia ser apenas, também... Numa mesinha, uma maçã.

Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 29/03/2019
Reeditado em 02/08/2022
Código do texto: T6610623
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