Eu queria viver, mamãe!
Eu Queria Viver, Mamãe!
Mãe, obrigada por trazer-me à vida. Queria viver! Vivia entalada antes de entrar na sua barriga. Tinhas minhas mãos e pernas presas, agora vivo, soltinha, olha!
A bela menina de quatro anos, do sorriso doce, saiu saltitando em volta da mãe, sinalizando que era livre.
A mãe, pasma, por entender, deu corda à imaginação da filha, pediu para que ela agachasse em frente a cadeira de rodas, e desse o pulinho combinado, aquele que a lançava sobre seu colo, para o abraço do bom dia. Ficaram abraçadas por um breve período.
Matilde disse: Mesmo que sua mãe esteja nesta cadeira de rodas, sem poder ter levado você na pracinha em pé, andado conduzindo-a no carrinho, e também não ter a ninado em pé, no colo para dormir? Não sabe o quanto isto me fez falta!
A filha ficou novamente em pé de frente para a mãe, olhou dentro dos seus olhos, sua íris passou a dilatar, e junto, um vermelhidão apoderou todo globo ocular, sinalizando estar emocionada. Como gente grande, finalizou à mãe:
___Não tem problema, mamãe, não fique triste por isto, você deixou eu viver. Eu queria viver!
A mãe, para relembrar a filha, disse que era para ela ter dois irmãozinhos, e que não conseguiram nascer.
Esmeralda, agora emocionada, retaliou:
___É que Papai do céu estava dormindo no seu coração, ele acordou quando foi para você me ter de filhinha.
Levantou novamente do colo da mãe, olhou profundamente nos olhos dela, e disse:
___Estou feliz, mamãe!!! quero chorar!
Tudo começou quando estavam na sala na manhã de domingo, Matilde olhou para filha nos olhos, como nos outros dias quando a filha acordava, e disse: Bom dia!
Foi lindo. Surreal.