A raça dos anjos
Na madrugada, aos pés da ribanceira, eles me faziam cócegas. A fêmea, na planta dos meus pés, e o macho, o tal Capiroto, nos pés de minhas costelas. Relutando eu emitia gritos e gargalhadas. Suado, com as pernas trêmulas, abri fuga. Perseguiram-me.
A Lua oferecia indícios de trieiros e pequizeiros. Contornando o Cemitério Municipal, desprovido de manutenção - ambiente utilizado pelos jovens da cidade, para acasalamentos e uso de drogas - mentalizei o meu signo: Sagitário. A figura materializou-se. Montei e esta levantou voo, me livrando do alcance da Maria Padilha e seu companheiro. O Centauro levou-me até um abrigo. Defrontei com anjos em carne e osso. (Uns mais carnes, outros mais ossos). Todos pertencentes à etnia negra. Instintivamente, corri a mão direita pelo bolso da bermuda, assegurando o aparelho celular e carteira.
Um forte aroma misto de café e torradas encheu a atmosfera. Atrasado, abri os olhos, às 7h20. Liguei na empresa. Atendeu a voz bissexual sussurrante:
- Um momento... Estarei transferindo a chamada!