O Menino e o Lobo

I

Era noite na Floresta Negra, um dos lugares mais bonitos da Alemanha. A lua pairava sobre as árvores, iluminando através das brechas a escuridão da noite.

O lobo se movimentava com cuidado pela densa floresta. Como um espreitador elegante e traiçoeiro, ele facilmente se escondia e passava despercebido. Porém, aquela era uma noite diferente... O jovem lobo negro não estava preocupado em ser visto. Sem medo, ele passou através dos feixes de luz – deixando ser iluminado. Ele não era louco, muito menos suicida, mas o lobo queria aprender, queria sentir como é ser vulnerável. A criatura desejava pensar como uma de suas presas, por complexo de superioridade? Não. Por empatia? Talvez...

Entre a luz, o lobo inclinou sua cabeça para cima, e fechando os olhos, ele se manteve inerte. Agora, o animal conseguia ouvir tudo à sua volta. Sem esforços, escutou o som dos morcegos, as corujas caçando, alguns roedores agitados, entre outros sons ligados ao mundo dos animais noturnos.

De repente, a orelha do lobo se movimentou para uma direção oposta; era um novo som. O romper diferente dos gravetos já foi o bastante para o esperto saber que era um animal distinto dos habituais.

E então, sem pensar duas vezes, o caçador começou a seguir o som.

Andando levemente sobre a floresta, ele logo avista o ser. Era um humano, de fato. Mas, como ele sabia disso se nunca havia visto um daqueles antes? Simples, ele sabia.

Seguiu cautelosamente o garoto.

Em um momento, o menino parou e se sentou próximo a uma moita. Retirando sua mochila das costas, começou a procurar algo.

O lobo continuou parado, curioso para saber o que o menino tiraria da mochila.

O garoto sabia que estava sendo observado, e como sabia! Ele até achava divertido. “Lobo ingênuo”, pensou ele.

Ainda curioso, o lobo resolveu chegar mais perto do bípede esquisito e intrigante. Chegou tão perto, talvez perto de mais... No entanto, o garoto parecia não notar sua presença ali. Ele chegou tão perto que podia ouvir nitidamente a respiração do humano.

- Saia daí - disse o garoto - É bem tolo se acha que eu não o vi.

O caçador, confuso, permanece no mesmo lugar, mas por algum motivo sabia que era com ele que o menino falava.

- Vamos! Saia logo daí. Já está ficando chato. - persistiu.

Não era esperado que o lobo saísse, mas sabe como são os lobos, sempre superando nossas expectativas. Então, o vulto foi saindo aos poucos de trás da moita. Era tão belo... Nem o garoto tinha dúvidas disso.

A princípio, era visível somente sua pata. Então veio a outra, depois o seu focinho, logo após o rosto majestoso, acompanhado de seu peito. O lobo não estava assustado, apenas surpreso. Ele encarava o menino que agora parecia menos estranho. A escuridão não era um problema. Sua visão noturna era ótima, então ele se acalmava ainda mais, pois sabia que estava em vantagem. Percebeu os traços de indiferença no rosto do humano e isso o deixou um pouco inquieto.

Por que não o assusto? Indagou a si mesmo.

Era estranho estar frente a frente com algo tão diferente.

- Você está caçando? - perguntou o garoto.

O lobo continuou parado, encarando.

- Eu diria que eu sou sua presa, mas não vejo isso em seus olhos. - sorriu brevemente.

Sem resposta, o menino resolveu o encarar também. Ele sabia que podia ser perigoso provocar um animal como este, mas não estava preocupado.

- Você não é de falar muito, não é?

Não houve respostas novamente.

- Hmm...

Então, o garoto tateou o chão até encontrar uma pequena pedra. Assim que encontrou, atirou-a em um arbusto próximo ao lobo. Este rosnou, mostrando todos seus dentes.

- Ora, ora. Então não temos aqui um lobo submisso, eu creio. - disse após um meio sorriso - Estou curioso, o que quer comigo?

O vento balançou os cabelos do garoto, assim como os pelos do lobo. Estava ficando frio, e disso eles sabiam.

Tomado pela curiosidade, o animal pôs-se a andar para perto do garoto. Ele não tinha certeza de nada, mas ele sentia que devia se aproximar mais. Ainda mais vendo que o humano não tinha pelos.

Como essa criatura se mantém aquecida?

- Se afaste! - disse o garoto mudando seu semblante - Eu não preciso de sua empatia.

O lobo parou.

Faltando agora pouco menos de dois metros para estarem totalmente próximos, o paciente animal se deitou encostando sua barriga no chão. Ele concentrou seus olhos no ser.

E então o garoto disse ao lobo:

- Eu não preciso de ninguém.

Era difícil para o caçador entender o que o menino dizia, mas considerando a situação, ele sabia que era um tipo de individualista medroso, além do toque de egocentrismo e confiança nata. Era óbvio que o garoto não assumiria o medo, mas o lobo podia ver além de sua carne, ele via o medo de ser vulnerável. Não era o mesmo medo que via no olhar de suas presas, mas sim o medo da solidão.

Notou que o garoto não parecia ser tão velho, provavelmente tinha família, alguém que cuidasse dele, assim como em sua antiga matilha. Onde estariam então? Ele não sabia.

O menino não adormeceu naquela noite, e o lobo sentiu que era por sua causa. Por Deus, quem confiaria em um dos animais mais ligeiros da natureza? Por outro lado, ele também não era de dormir muito, então não se incomodou com isso.

Na manhã seguinte, o pequeno poço de confiança colocou-se a caminhar.

Havia algo nele que intrigava o lobo, havia um mistério dentro do garoto que ele queria muito descobrir. Ele não sabia porque essa fascinação surgira tão de repente, já que ele não se interessava assim por muita coisa.

E então, o lobo o seguiu.

O humano não era burro, e assim que notou, se virou e encarou o animal.

- Eu já lhe disse! Eu não preciso da sua companhia, a não ser que seja agradável, mas ainda não a aprecio.

Como um ladrão que acaba de ser pego, o lobo se assustou com a fala do garoto e se contraiu um pouco, mostrando os dentes.

O jovem sorriu.

- Talvez seja divertido.

Vai ser uma longa jornada... Pensou o lobo, e continuou a segui-lo.

II

Era uma vez um lobo gentil. Ele caminhava junto a um menino não tão gentil assim.

Era uma vez um menino confiante. Ele caminhava junto a um lobo gentil.

As pessoas costumam dizer que a confiança se conquista, mas eles não tiveram muito tempo para isso. As oportunidades eram raras, e as conversas, mais raras ainda.

Fazia algumas semanas que os dois adentravam a enorme floresta. Passaram por vales, nos quais os riachos serpenteavam pelo caminho. O musgo adormecido nas rochas próximas aos regos dava uma bela visão de dia, e assombrosa de noite.

O lobo e o garoto haviam deixado de lado sua estranheza, e agora ambos caminhavam juntos sem medo um do outro. Penso que essa era a única forma de confiança que os dois conheciam e poderiam ter.

Enquanto o garoto caminhava; incansável, o lobo se distraia olhando a beleza da floresta. Seus olhos se perderam em um grande Açor perseguindo um pequeno Wood Warbler. Era o grande ciclo da vida, as leis da natureza, a grande cadeia alimentar, ou como o lobo gostava de pensar: A sobrevivência.

Prosseguiu caminhando e observando se o garoto ainda estava em seu campo de visão, e ele estava.

Havia pinheiros por toda parte, grandes e fortes pinheiros.

Algo nesses pinheiros chamou a atenção do lobo. Ele então sentou sobre suas patas traseiras e pôs-se a observar as grandes árvores.

O lobo notou que os pinheiros não tinham absolutamente nenhum outro ser vivo morando neles. Não havia plantas parasitas, musgo, nada. Coberto pela dúvida, ele tentava desvendar esse mistério.

Alguns segundos de caminhada dali, o garoto prosseguia viagem pensando ser logo alcançado pelo lobo, algo que não aconteceu.

Foi então que o menino percebeu estar sozinho, e ele torcia para não se sentir incomodado com isso, mas para o seu desespero, dias e dias matando seus sentimentos haviam sido em vão. Ele finalmente sabia que tinha se tornado vulnerável, de novo.

Parou de caminhar. Pensou e repensou. Deu meia volta e retornou.

Procurar o lobo seria mais fácil do que ele pensava. O encontrou pouco tempo depois, sentado, olhando para os pinheiros.

Aproximou-se sorrateiramente do lobo, mantendo os olhos para onde os olhos do animal estavam.

- Dizem que a seiva dos pinheiros mata qualquer outro tipo de vegetação que tente crescer entre eles, e até mesmo neles - disse o garoto, pensando que fosse uma informação da qual o lobo teria um interesse especial, e ele estava certo.

Se a orelha do grande cachorro não tivesse se movido, o garoto diria ter sido ignorado. Porém, o lobo ouvia atentamente.

- Eu os invejo - prosseguiu o garoto - Olhe como estão bonitos e fortes. Eles podem evitar a dor e a decepção. A seiva mata sem dó qualquer coisa que tente sugar sua energia vital, ou que tente tirar proveito de sua bondade. Nós não temos esse privilégio, meu caro lobo. As pessoas chegam em nossas vidas, plantam sentimentos em nossos corações, trazem vida nova e depois... Deixam-nos. Elas mentem, elas se aproveitam, elas matam - olhou para baixo e abriu um sorriso triste - Elas matam.

O animal olhou para o garoto.

Era a primeira vez que o poço de confiança demonstrava sentimentos sinceros. Era a primeira vez que o lobo sentia, por incrível que pareça, um pouco de sua dor. Qual dor? Ele não sabia. Mas ele conseguia sentir.

O viu caminhar e sabia que devia segui-lo.

Agora ele sabia porque os pinheiros não deixavam ser morados, e estava satisfeito. Porém, ainda havia uma coisa que martelava na mente do animal. Aonde? Pensou. Aonde estamos indo?

- Aonde?

O menino olhou para o lobo.

- O quê? - Perguntou chocado.

- Aonde? - A voz insistia.

- Você pode falar? O quê? Mas por que não falou comigo antes? - Indagava o garoto, desacreditado.

- Eu só desejo saber para onde.

A voz emanava do lobo. A boca não se movia, não havia nem mesmo expressão em seus olhos. A voz apenas existia.

Contendo-se, o jovem lembrou que não queria entrar nesse assunto, mas agora ele sabia que o lobo iria segui-lo. E achou que deveria dar pelo menos uma explicação ao animal.

- Ouvi falar de uma criatura mágica ao norte da floresta. Muitos dizem que ela se transforma em coisas diferentes dependendo da pessoa que a procura e dos seus pedidos. O coração de cada pessoa guarda um pedido que deve ser concedido por essa criatura, mas apenas um desejo pode ser realizado. Ouvi relatos de que ela pode tomar a forma de um dos mais majestosos animais, até a mais miserável planta.

O lobo ouvia, e pensava sobre isso.

- Eu quero encontrá-la. E por isso estamos andando há dias e dias sem parar muito, mas acredito que hoje possamos descansar - concluiu.

Concordando, o negro animal assentiu e o guiou até uma clareira.

Eles descansaram. O menino comeu enquanto aguardava o seu companheiro de jornada voltar da caçada.

E ele voltou. Deitou em um canto. Encolheu-se todo e fechou os olhos.

- Por que não falou comigo antes? - Perguntou o humano.

- Tu não estavas acessível.

Antes de dizer alguma coisa, o menino pensou bem e viu que o lobo estava certo. Desde que se conheceram, ele não foi nada amigável, acessível ou tolerante.

Se colocando em seu lugar, ele adormeceu.

Era manhã e a floresta ainda acordava. O verde por todo lugar continha gotas de orvalho em cada aresta, em cada superfície.

O lobo já estava em pé fazia alguns minutos. Ele pensava sobre tudo que aconteceu desde o início, mastigando e engolindo tudo o que o garoto havia lhe dito. Era tudo tão simples de desvendar, mas ao mesmo tempo tudo tão incerto. Uma grande ferida no coração do menino impedia o lobo de olhar mais além de sua dor, e nem o próprio animal sabia quanto tempo levaria para remendar o grande rasgo.

III

Às vezes eu costumo lembrar de algo que li em um livro uma vez. Uma certa raposa dissera: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"

Não sei qual deles realizou esta proeza, provavelmente os dois.

Havia alguma coisa diferente pairando sobre o horizonte do garoto, pois ele sabia que o lobo conseguia o entender e responder. Pela primeira vez em muito tempo, ele teria Alguém Para Conversar, esse era o nome que substituía o bom e velho Amigo.

Eles não eram de falar muito um com o outro, porém antes de dormir entravam em conversas um pouco longas, mas ainda, sim, cautelosas. O lobo não queria ser invasivo, e o garoto não queria ser invadido. Ah! Eles sempre formariam uma boa dupla...

- Qual será o seu pedido para a criatura? - Perguntou o animal.

- É segredo - retrucou o garoto.

- Eu ainda desejo saber - o lobo respondeu, sentando-se e encarando o menino, algo como “não seguirei viagem até que me conte”.

O menino revirou os olhos, sorriu e soltou um longo suspiro.

- Tudo bem, você venceu. Há quase dois anos, perdi meu irmão mais novo. Ele se chamava Tobias - sorriu tristemente antes de continuar - Estávamos brincando em uma cachoeira próxima a nossa pequena propriedade, e foi em questão de segundos, apenas segundos. Ele escorregou, bateu a cabeça e a água preencheu cada parte de seus pulmões, ceifando lhe a vida.

O lobo ainda o encarava, escutando e tentando compreender as emoções que o garoto provavelmente mostraria.

O menino sorriu enquanto mantinha seus olhos em direção ao chão.

- Desde então, as coisas mudaram. Sentia-me e ainda me sinto culpado constantemente. Meus pais se tornaram frios, e acham que somente ambos entendem a dor de ter perdido Tobias. Eles tentam não demonstrar, mas me culpam através do silêncio torturador - suspirou - Apenas retornarei se encontrar meu irmão, este que era o grande laço que nos unia.

E então houve silêncio. O lobo não queria consolar, não sentia necessidade disso. E o garoto não queria ser consolado, odiaria ouvir palavras que não lhe serviriam de nada.

Com o passar dos dias, as noites se tornaram mais curtas e os dias mais longos. Estava difícil caminhar tanto, e a comida já estava acabando.

A barriga do garoto doía e fazia barulhos monstruosos.

Andando distraído, o menino acabou chutando algo. Sentiu imediatamente uma dor alucinante, algo que nem ele mesmo podia explicar. A dor era aguda e fez com que sua testa se enchesse de rugas, estas eram forçadas pela expressão facial de profundo sofrimento. O suor frio corria pelo rosto do menino que não conseguia parar de ofegar.

O lobo observava. Ele sabia o que era aquilo: mordida de cobra. Olhou para o chão rapidamente, e com olhos enfurecidos, encontrou-a. Lá estava, a víbora áspide, enrolada e pronta para um novo ataque.

Com apenas um olhar penalizante que ela recebeu do grande cachorro, pôs-se a rastejar para bem longe de lá.

O lobo virou para ver como o garoto estava. Ele sabia que em poucos minutos o veneno afetaria os olhos, e outros órgãos do corpo, matando-o. E isso ele não poderia permitir. Ele sabia qual era o desejo do garoto, e também sabia qual era o seu.

Aproximou-se do menino e deixou que sua voz fluísse no ar que pairava sobre o corpo moribundo.

- Escuta tu, meu jovem amigo. Provavelmente esqueceste dessa palavra, já que vagas a tanto tempo sozinho e cheio de espinhos cobrindo te. Tentasses me afastar de ti, porém sou ainda persistente, e digo mais, sou eu a criatura que procuraste com tanto afinco.

O garoto não conseguia falar, mas ainda ouvia. Tentou piscar algumas vezes, pois seus olhos começaram a embaçar, o que fez o lobo ficar ainda mais apreensivo.

- A magia sempre requer sacrifícios, sempre tem um preço. Apeguei-me a ti, e esse foi o meu pecado e a minha grande imprudência, não antes, mas agora. Sabendo eu do teu desejo, devo conceder. Quando saíres desta floresta, encontrarás teu irmão ali mesmo onde o viu desfalecer. Porém. Estás a morrer e isso é algo que, agora que fui cativado por ti, não poderei deixar acontecer. Dou-lhe um segundo desejo, o qual pagarei com minha vida. Lembrar-te-ás de mim, pois serei parte de ti. E por fim, guardas o que aprendeste com um velho amigo.

Dizendo isso, tocou-lhe a ferida com a ponta do nariz, curando e transferindo sua energia vital para o garoto. O jovem foi, aos poucos, recuperando seus sentidos. Quando finalmente estava em si, se direcionou ao corpo do negro animal, agora gélido, ao seu lado e chorou.

- Me fez lembrar de quem eu sou, mas parece que não aprendeu com os pinheiros. Você me deu toda sua energia vital, mesmo tendo visto os pinheiros matarem para impedir que parasitas roubassem a energia deles.

Dizendo isto, o garoto adormeceu ao lado da carcaça.

Na manhã seguinte, enterrou o corpo do grande cachorro e seguiu viagem.

Dias e dias passaram, dias difíceis para o garoto que agora voltara a caminhar sozinho. Era fácil se acostumar a ganhar alguém novamente, mas era muito difícil se acostumar a perder.

Estava faminto, portanto procurou encher seu estômago com água e duas lebres que conseguiu pegar.

Chegando ao lugar onde ficou preso no passado, seu corpo travou. Há dois anos que não pisava ali. O menino se sentia ansioso e apreensivo, e então percebeu que se não tomasse coragem, jamais encararia aquela cachoeira.

Tomando o fôlego mais poderoso que podia, pôs-se a andar.

A cada passo, sentia um sentimento novo e parecia que o lobo estava o enxergando e o encorajando. Claro que estava! Ele fazia parte do garoto agora, portanto, sempre teria um amigo.

- Irmão? - perguntou ao ouvir voz da criança que soava como se fosse um caminho, um caminho no qual o menino deveria seguir - É você mesmo?

- Irmãozão! Venha me pegar! - gritou o garotinho, correndo e saltitando pela grama.

Os olhos do menino se encheram de lágrimas, as lágrimas de tristeza que ele não conseguiu derramar no dia em que perdeu o irmão, conseguiu derramar de alegria quando o teve de volta.

- Sabia que tu devias estar vivo para encontrá-lo. Se não estiveste, como levaria o pequenino para casa? - o garoto pronunciou, sabendo que era uma fala do lobo.

Ele sorriu enquanto abraçava fortemente seu irmão.

- Obrigado, meu amigo.

E nós sabemos a quem o garoto fazia referência.

Escritora de Bar
Enviado por Escritora de Bar em 29/09/2018
Reeditado em 15/01/2019
Código do texto: T6463139
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