Uma menina mulher!
E naquela imensa escuridão ela se encontrava eternamente perdida. Falava, cantava, sorria, mas por dentro ninguém sabia como era sombria. Tinha um semblante de menina forte, decidida por fora, mas essa face não representava o quão indefesa era sua alma.
Estava sempre disposta a ajudar, porém, mal sabia ela que era ela quem precisava de ajuda. Sonhos cores e alegrias, tudo isso foi passando na medida em que se iam os dias. Olhava para trás e sentia saudades. Saudades de outrora, saudades de uma doce infância vivida por ela.
Olhava para frente e se via sozinha, desesperada por não ter ajuda de ninguém, por ninguém a enxergar. Entretanto, precisava seguir. Sentia-se como uma flor morta e que nunca mais voltaria a florescer.
Tinha metas, tinha sonhos, mas ela também tinha medos, medos de sonhar. Os sonhos traziam junto um sentimento de incapacidade. E ela não sabia explicar os motivos. Contudo, amava sonhar. Perdia-se em suas fantasias, sua alma renascia, seus olhos brilhavam, surgiam arco-íris em sua vida. Mas aí ela acordava e tudo voltava a ser frio e cinzento.
Forte por fora, frágil por dentro, acostumou-se a ser assim. Sentia-se esquecida. Esquecida de todos, por todos. Gostava da sua solidão. Na medida em que se perdia, encontrava-se. Na medida em que sonhava, acordava. Sabia que precisava de ajuda, mas queria ajudar. Via o melhor em todos, só não conseguia ver o melhor para si mesma.
O tempo fora passando, os medos foram se indo, os sonhos foram se esvaindo e foi então que ela percebeu que ali já não se encontrava mais uma menina, se encontrava uma mulher!