Na Praça
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Na praça
"...
E como uma louca, ela gritava. Semi-nua, gritava ideias desconexas, em frases apressadas e curtas, como se não houvesse mais tempo, para dizer o que tanto lhe atormentava.
Assim que ele presenciou aquela mulher na cena, com muitos homens ao redor, e de todas as idades, chamando-a de vagabunda e o coro das mulheres ao fundo confirmando com a adição de palavras mais fortes ainda, ele ficou sem reação e perplexo, mas sentia que precisava fazer algo.
Recuou, conseguindo sair daquela massa humana que rodeava a louca na praça pública, e num esforço sobrehumano, esforçou-se para ouvir as palavras da mulher, que eram abafadas pelos gritos da multidão. Pode então distinguir as palavras, mas ainda assim - eram desconexas.
Reconhecendo sua inexperiência de vida, resolveu dirigir-se a um antigo sábio da Pólis, aquele tipo de pessoa idosa que ninguém mais considera, por ter um discurso repetitivo e em voz quase incompreensível, pela fraqueza que o tempo lhe presenteou ao envelhecer.
E o garoto aproximondo-se do sábio e disse:
- Não encontro respostas para minhas perguntas e dúvidas em nenhum lugar. Nem mesmo com meus pais. E agora mesmo, vi uma louca na praça, gritando palavras estranhas e frases incompreensíveis. Vejo que a multidão está alimentando ódio por ela, mas persistem em ficar ao seu redor, mesmo sem compreende-la e fomentando um furor que acabará com sua morte. O que devo fazer, Mestre.
O sábio então, vagarosamente se aproximou, pegou as mãos dele suavemente e as conduziu ao coração do jovem, dizendo em palavras sussurradas:
- Ouça e veja com seu coração e tudo compreenderá e uma nova Pólis virá!"
21/08/2018
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