Potestades "Cariocas".

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Dias se passaram, e verônica não viu mais aquele que se dizia interessado em contar sua história para ela, estava muito preocupada com o que podia ter feito ajudando-o, mas escreveu tudo que se passara com riqueza de detalhes. Ela teve outros compromissos com a editora e compareceu a alguns programas, onde, nas entrevistas dava o entender que estava escrevendo um outro livro tratando do mesmo tema que o primeiro, sempre que era perguntada de onde tirava toda a inspiração? Ela respondia que realmente estava vivenciando os fatos que relataria no livro assim como ocorreu no seu primeiro sucesso.

Certo dia enquanto estava esperando por seu almoço em um restaurante no centro do Rio, foi abordada por um homem que pediu para sentar-se. Verônica já estava ficando acostumada a ser abordada por sujeitos estranhos.

_ Quem é você?_ Ela perguntou.

O homem estava muito bem vestido, trajava um terno cinza com gravata preta e uma sobrecapa também escura, mesmo com o calor absurdo que fazia na cidade, usava óculos escuros mesmo dentro do ambiente fechado do restaurante. Verônica fez uma leitura completa do indivíduo e não julgou que representa-se ameaça imediata, com certeza não se tratava de nenhum ladrão, pois se assim fosse não esperaria para assaltá-la dentro de um restaurante caro como aquele, e certamente não pediria para sentar ao seu lado.

_ Chamam-me por Dedhalus. _ ele começou_ Estive observando você, e vi que suas amizades não são as melhores que uma mulher pode ter.

O garçom se apresentou trazendo o prato pedido por verônica, serviu-a e em seguida perguntou ao outro o que ele gostaria de consumir, ao que ele respondeu apenas uma água tônica.

Dedhadus puxou a cadeira à frente da moça e se sentou mesmo sem que ela permitisse verbalmente, mas antes retirou a sobre capa que usava, dobrou e pôs sobre o encosto de uma outra cadeira próximo a eles.

_ Direto ao ponto. _ ele iniciou._ Oberom, Iogael. Sabe o que eles têm em comum?

Verônica limitava-se a olhar para o que estava falando.

_Bem, Oberom é um nephelin exilado por um tratado entre os anjos e os seres da ilha Britânica de Avalon, sua cabeça vale uma alta recompensa nas cortes inferiores, e Iogael é um “ex-anjo” maníaco por morte, poder e destruição banido das tropas séculos atrás por sua rebeldia e arrogância, há séculos ele vem tentando erguer para si um reino, e nesse último agiu livremente no Rio de Janeiro; nós não podemos fazer muita coisa visto que ele escolheu viver na esfera física como um de vocês, tudo que pode ser feito é esperar que ele viaje pelas esferas fora da matéria para prendê-lo, mas da última vez que o vi, você estava com ele, fora da matéria. Por quê?

A moça arregalou os olhos, novamente não estava entendendo nada do que Dedhalus estava dizendo, mas respondeu assim mesmo.

_ Estou escrevendo sobre Iogael, um livro a pedido do próprio, e ele queria me mostrar algumas coisas que; creio eu, julgava necessárias. O que isso tem de tão ruim?

O garçom retornou trazendo uma taça contendo gelo e uma garrafa de água tônica. Serviu-a e em seguida se retirou.

_ Não sei qual dos dois é mais perigoso, Oberom pensa que pode guiar os nephelins de forma pacifica para uma convivência equilibrada com os humanos mortais e com todos os seres mágicos, e você já testemunhou o que acontece quando esses híbridos resolvem se mostrar. Iogael por outro lado deseja uma tirania regida por ele sem precedentes na história da criação. Faça seu próprio julgamento e me diga.

Verônica mastigava lentamente enquanto o outro falava.

_ Oberom salvou minha vida não uma, mas duas vezes_ ela começou_ e sou muito grata a ele por isso. Por outro lado Iogael vai me mostrar segredos que aos homens não compete saber, como posso recusar esse conhecimento? Eu não pedi para me envolver nesses confrontos angelicais, ou seja lá o que for, aconteceu, e agora vou fazer o que for preciso para aprender o máximo possível.

Dedhalus bebeu um gole da água antes de rebater.

_Ouça, de alguma forma Iogael está recuperando os dons que foram retirados dele por seus antigos alunos que hoje são seus maiores inimigos, nós não sabemos aonde essa parte de energia havia sido aprisionada, mas tenho certeza de que foi liberada; em poucos dias podem ocorrer coisas terríveis ou fatos estranhos na cidade, ele é mestre na manipulação de pessoas, e é orgulhoso de mais para admitir que também ele está sendo manipulado por um mal maior, no fundo ele gosta, sempre foi desse jeito, orgulhoso, mentiroso, arrogante e destrutivo. Você pode não crer no que digo, mas crerá se ouvir isso de um dos antigos alunos dele; volte à casa de Oberom e diga que deseja ser apresentada a um dos dragões, veja o que ele dirá; mas faça rápido, pois seu tempo pode estar no fim.

Com mais uma golada Dedhalus bebeu a água que ainda restava na taça, tirou do bolso algumas notas de dinheiro e pôs sobre a mesa, em seguida pegou sua sobre-capa e saiu. Verônica ficou meio sem ação e não conseguiu impedir que ele fosse embora, Odiou-se por tê-lo deixado sair, e levantou segundos depois, passou pelas mesas e cadeiras na mesma direção que Dedhalus tinha tomado, mas quando chegou à porta não o viu mais, chegou até mesmo a perguntar para o rapaz que ficava ali recebendo os clientes, mas ele afirmou não ter visto ninguém saindo do restaurante nos trajes que ela descreveu.

Luiz Cézar da Silva
Enviado por Luiz Cézar da Silva em 06/09/2007
Reeditado em 12/07/2010
Código do texto: T641790
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