Por uma resto de comida
Conto real, por um prato da comida
Meu senhor, eu apenas lhe pedi umas sobras de comida
O senhor me ofende sem saber da minha dor e da minha vida
Me chama de sujo fedorento mendigo e vagabundo
Pois bem, meu senhor, mas antes lhes peço-me traz um pouco de comida
Depois sente aqui ao meu lado vou te contar da minha vida
Eu era um jovem arrogante endinheirado, tinha carro importado boa casa eu tinha tudo
Casado era muito novo e meu prêmio era a mais bela da cidade, uma menina inocente linda por fora e por dentro, crescida no berço de família na flor da sua mocidade
Eu a matei e seus sonhos enterrei na pior das crueldades, a trai por várias vezes até que aconteceu, ela não suportando ser trocada deu fim à vida e levou consigo o filho que trazia no ventre, desesperado sem rumo abandonei tudo e como um louco segui pelas estradas, já faz um longo tempo que vivo me culpando e penitenciando, muitas vezes implorando por comida e agua, sim meu senhor eu sou culpado, essa dor que carrego está em mim enraizado, está nos cabelos e nas marcas do rosto, está em minha pela ressecada. Está nos pés descalços pelo calor dos asfaltos com feridas abertas sempre me lembrando que dessa dor ainda não paguei nada
Vou seguindo sem rumo, carregando na lembrança, a imagem da minha amada,
Eu a vejo a minha frente carregando uma criança, dor e dor, e muitas lagrimas derrubada, eu persigo essa imagem por ruas e ruas estradas e estradas
As noites são longas e os dias sem fim, não sei mais quem sou e o que será de mim
Por isso, meu senhor, eu vivo nas estradas, pedindo para pessoas como o senhor um resto de comida e agua, poderia dar um fim nessa empreitada, buscaria na paz da morte encontra lá de tal sorte em outra vida e pedir perdão, mas assim a conta não estaria paga. Vou seguir na busca da minha paz e quando encontra lá contarei da minha história para que outras pessoas como eu não façam a mesma burrada
Estou pagando o preço por ter sido inconsequente, destruí meus sonhos e levei comigo gente inocente, seu rosto em lagrimas corrói a minha mente, meu senhor, não me leve a mal, obrigado pela comida e por me ouvir, eu era tão feliz e juro que não sabia
E nas madrugadas frias continuarei a me penitenciar até que as dores cessem e quem sabe um dia, para casa voltar, enquanto isso procurarei por mim nessa estrada sem fim
Esse por enquanto é um caminho só de ida, implorando sempre um...resto de comida
Um resto de comida e nada mais.