O enigma de Bilego
Os ânteros já não estão mais aí, e os pósteros não o saberão jamais. Certo? Talvez, nem tanto, mas até hoje, nem ao menos cheguei perto de decifrar o enigma de Bilego.
Anteontem ainda, fez 60 anos que nos mudamos do povoado do Brumado para Pitangui, e a data, para nós - papai, quando nos deixou, ficou a menos de três anos dela - foi uma efeméride familiar. Quanta lembrança boa não correu e vai ver até que um par de lágrimas nem se escondeu. E tudo como se tivesse ocorrido ontem nos pareceu...
Bilego foi que ficou para trás. E no feminino, era a Bilego. Mas nada de trans, ou de tirar o sossego. Era mãe de família, trabalhava na fábrica, como e com os nossos pais, e certamente, o fazia em casa, vai ver que até mais.
Eu foi que com os quase oito anos que de meu torrão natal saí, de Bilego, apenas ouvi. Nunca a vi. Ou se a vi - pois era quase impossível não se cruzar naquele pedacinho de chão, não liguei a pessoa ao nome, ou vice-versa. E a partir dali, a mente, se não mente, somente, e sem semente, se dispersa.
Acho que mais de uma vez perguntei, e nas respostas a mim dadas, nem me fixei, mas o nome real de Bilego, parece-me, era Conceição.
E ao invés de Ção, por quê Bilego, então? Não achei, nem acho, ou acharei explicação...
Amante da etimologia, pois já fiz incursões até no grego e no latim, continuo no ar, no tocante ao bilegar...E o escandir, com o sol a pino, ou ao luar, de pouco ou nada irá me adiantar.
Mais fácil pitar que palpitar...Do alto, quem sabe, tá Bilego a me espiar?