AONDE SOPRA O ESPÍRITO.

No grande grito lembrei-me da dor

seja aonde for,quatro paredes sem amor

e no teto a solidão,

canta rouco e em soluços o lobo sacrificado

sem água,sem leite,sem pão

e enche a boca de fome negra

ao ver a serpente que rasteja...

Lembra a antiga terra,onde os artistas e

os hipócritas se confundem na decisão

e bateu nas nuvens com a cabeça não sete

vezes,mas setenta vezes sete vezes.

Deu não o corpo,não o lodo,pois que este

se consumia em lepra,

deu do labor o amor

recebeu nas ulcerações cuspes e pedras.

Regozijai povo!

Povo regozijai!

Mas ai das pedras que quebram flores...

Condenam à beber veneno no próprio antídoto...

Ah, mau de belos sabores!

Dos tantos anos vividos trarei um só

mas um de mil amores

e se no peito oco o suspiro final sair

restará à carne terra para à cobrir

e do último corpo só lembranças,

logo um novo abraço;esperança!

Caçarão o bem e o mal na terra imunda

que escapa aos ventos,nos dedos finos

de uma nova criança.

Pio Joseph Beuvoir
Enviado por Pio Joseph Beuvoir em 17/04/2018
Código do texto: T6311442
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