COLCHA DE SONHOS
Não sonhava! Não ousava mais! Sonhos são para pessoas que podem sonhar. Ela? Pobre coração solitário que, de amor, guardava somente retalhos. Sentada sob a janela, olhava o vazio lá fora e a tarde preparando seu leito para dormir.
O crepúsculo tem alguma coisa de melancólico, mesmo com sua exuberância exibindo-se no horizonte. Como se asas tivesse, expande-se e pinta uma inigualável aquarela de cores ímpares. Os cabelos dela espalham-se sobre os ombros, tão vermelhos quanto a cor do céu àquela hora.
A noite aproximava-se aos poucos e se fazia soberana, majestosa, exigindo seus espaços! Era o momento de seu reinado. Ela? Seus olhos vagavam... seu pensamento voava...seu sorriso sorria para ninguém...
Recomeçou seu trabalho monótono; tomava os retalhos coloridos e espalhados à sua volta, unindo-os caprichosamente combinando os tons: o amarelo próximo ao laranja e ao marrom... o azul ficaria harmonioso com outros azuis...o verde...o vermelho... Cansada, fechou os olhos e adormeceu!
A colcha de retalhos que confeccionava caíra-lhe aos pés! Nem percebeu! Também não percebeu quando o jovem se aproximou e a tomou pelas mãos, docemente, levando-a para um passeio entre os canteiros do jardim. Sorria-lhe! Ofereceu-lhe flores! Que delicado gesto! Colocou uma em seus cabelos! Beijou-lhe as mãos! Ah! Seria um cavalheiro como os que conhecera em romances que lera? Encostou a cabeça em seus ombros e se deixou levar naquele embalo único sob a luz do luar!
Era tão doce o devaneio! Não podia acabar! Sua mãe a chamou para a ceia da noite. Assustou-se! Abriu os olhos ainda enlevada e olhou para os lados. Onde estava o jovem galante? Desiludida, passou a mão nos cabelos, ajeitando-os. Aquela flor em seus cabelos... quando a colocara ali? Não se lembrava! Mais um sonho? Não queria, mas o sonho a levara como tantas outras vezes.
A flor em seu cabelo... Para que entender? Estava ali! Podia tocá-la! Sorriu!! Tomou nas mãos seu trabalho e continuou unindo os recortes coloridos de sua colcha, agora com mais um retalho!
Najet Cury, Março de 2016
Editada em Abril de 2018.
Não sonhava! Não ousava mais! Sonhos são para pessoas que podem sonhar. Ela? Pobre coração solitário que, de amor, guardava somente retalhos. Sentada sob a janela, olhava o vazio lá fora e a tarde preparando seu leito para dormir.
O crepúsculo tem alguma coisa de melancólico, mesmo com sua exuberância exibindo-se no horizonte. Como se asas tivesse, expande-se e pinta uma inigualável aquarela de cores ímpares. Os cabelos dela espalham-se sobre os ombros, tão vermelhos quanto a cor do céu àquela hora.
A noite aproximava-se aos poucos e se fazia soberana, majestosa, exigindo seus espaços! Era o momento de seu reinado. Ela? Seus olhos vagavam... seu pensamento voava...seu sorriso sorria para ninguém...
Recomeçou seu trabalho monótono; tomava os retalhos coloridos e espalhados à sua volta, unindo-os caprichosamente combinando os tons: o amarelo próximo ao laranja e ao marrom... o azul ficaria harmonioso com outros azuis...o verde...o vermelho... Cansada, fechou os olhos e adormeceu!
A colcha de retalhos que confeccionava caíra-lhe aos pés! Nem percebeu! Também não percebeu quando o jovem se aproximou e a tomou pelas mãos, docemente, levando-a para um passeio entre os canteiros do jardim. Sorria-lhe! Ofereceu-lhe flores! Que delicado gesto! Colocou uma em seus cabelos! Beijou-lhe as mãos! Ah! Seria um cavalheiro como os que conhecera em romances que lera? Encostou a cabeça em seus ombros e se deixou levar naquele embalo único sob a luz do luar!
Era tão doce o devaneio! Não podia acabar! Sua mãe a chamou para a ceia da noite. Assustou-se! Abriu os olhos ainda enlevada e olhou para os lados. Onde estava o jovem galante? Desiludida, passou a mão nos cabelos, ajeitando-os. Aquela flor em seus cabelos... quando a colocara ali? Não se lembrava! Mais um sonho? Não queria, mas o sonho a levara como tantas outras vezes.
A flor em seu cabelo... Para que entender? Estava ali! Podia tocá-la! Sorriu!! Tomou nas mãos seu trabalho e continuou unindo os recortes coloridos de sua colcha, agora com mais um retalho!
Najet Cury, Março de 2016
Editada em Abril de 2018.
