O Hóspede incoveniente. Relatos de Vovó Carminda.
As vezes ela se animava de contar suas desventuras.
As vezes o tom de sua conversa pendia pro lado do sobrenatural.
Vovó se acomodava no sofá e começava a contar, uns casos que de outros tempos, tempos que para dizer verdade parecem mais interessantes em certos pontos, digamos que eram tempos mais empolgantes.
Certa vez vovó contou sobre o dia em que havia sido seguida por um espírito. Não era qualquer espírito, mas sim o espírito de um homem do qual acabara participar do seu velório.
Vovó relatou o evento com detalhes de fazer os pelos do corpo quase se soltarem de tão arrepiantes.
Segundo vovó, o espírito estava trajado com as mesmas vestes com as quais estava em seu próprio enterro, vestia uma camisa amarela e calças jeans.
Vovó disse que ela e seu falecido esposo estavam voltando do velório, quando perceberam que alguém os seguia pela poeirenta estrada de chão, pensaram que se tratava de um ladrão, mas ao olhar com mais cuidado, perceberam que havia ainda mais motivo para apertar o passo.
O espírito segundo o relato de vovó, era vazado na altura do umbigo, pois havia perdido sua ligação com o corpo, e esta ligação ficava ali perto do umbigo.
Eles chegaram em casa, com muito medo relataram o ocorrido. Não podiam prever que o dito cujo iria possuir o corpo de um dos presentes. Seu pedido era simples, ele estava preso a este plano devido a um trabalho que haviam feito contra ele. Uma imagem de algum santo havia sido enterrada de cabeça para baixo, precisavam localizar o mesmo em um local específico, quando o encontrassem ele poderia então seguir para o seu destino eterno. Eles concordaram, parecia que esta era a única forma de ficarem livres do hóspede inconveniente.
Em uma mata virgem, localizaram o tal santo. Fizeram o favor e enfim se viram livres do hóspede.
Ver vovó contando aquilo, me garantiu uma noite sono acordado.