O sonho

Era noite. Visivelmente, era possível sentir o clima mais ameno, o vento mais agradável, a temperatura mais baixa e os pensamentos mais inquietos. Sua cidade não dispunha das quatro estações do ano, porém a época dos ventos era a que ela mais apreciava. Pois, com ele também chegavam os mais lindos sonhos e pensamentos que lhe completavam. Como um casal que dança num lindo baile assim era a noite e a lua, juntos, dançando ao som do vento, às vezes cálido. Essa noite não é como as outras, ela é única, convidativa, envolvente. E assim, ela nos leva a um labirinto de pensamentos e devaneios. Não se sabe ao certo o que ela deseja e para onde pretende nos levar, contudo seu irresistível convite é bem peculiar. E quando aceitamos seu convite, a realidade fica para trás e nos entregamos ao seu confortável sossego. Ali,já não pensamos,sentimos. O mundo que conhecemos já não existe e os sonhos tornam-se a nossa nova realidade. Sempre que essa noite chega, o sonho que ela vislumbra é o mesmo: num perfeito jardim, sentada na grama ela conversa com um lindo cavalheiro. Não lembra seu nome e nem seu rosto, mas seu cheiro e sua voz ela reconheceria mesmo a esmo. O fato era que se sentia numa pintura de um jardim do século XVIII em que o vento era agradável, o lugar calmo e incrivelmente mágico. Seu acompanhante era possuidor de uma doce voz e um cheiro inigualável. Sempre conversavam sobre o significado da vida, a exemplo do carpe diem,do que significava mesmo viver e,claro,também sobre o amor. Seus pensamentos eram muito parecidos com os dela e passavam horas perdidos nesses diálogos. A sensação que ela tinha era de pertencimento àquele lugar e a ele. Mas, intimamente ela sabia que isso era insano. Ela não compreendia como se sentia tão á vontade com ele naquele lugar tão diferente e maravilhoso. O tempo parecia não passar e, de repente, tudo acabou. O jardim, seu cavalheiro misterioso, o vento e a intrigante conversa. Ela despertou no sofá e olhou seu relógio que marcava oito e meia da noite. Descobriu que cochilou somente vinte minutos. Os melhores minutos da minha vida pensou. E assim, aquela noite em que ela sempre tem o mesmo sonho terminava mais uma vez. E dela, como sempre,só lhe restavam as tenras lembranças.

Aglycia Chaves
Enviado por Aglycia Chaves em 02/09/2017
Código do texto: T6102676
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