reencontro

Anoiteceu... a lua enfeita a noite como sempre... o ar frio... a brisa que sinto... traz me uma paz, que a muito não sentia, minha sede controlada, meus ferimentos já desapareceram, como se jamais tivessem existido, apenas a dor das lembranças ainda prevalescem em minha memoria, mas estou administrando isso da melhor forma possível.

De repente me perco em meus pensamentos, em meu passado, que um dia fui tão feliz, lembranças de um reino de paz, e ainda penso onde me perdi, para perder tudo o que mais amava e prezava em minha existencia, e deixo que minhas lagrimas caiam, tentando aliviar minha alma cansada, de tanta dor, ah se pudesse voltar no tempo , tudo seria diferente, quantos salvaria ? E quem sabe salvaria a mim mesma, de alguma maneira.... eu não sei.

Perdia ali em meus pensamentos, não vi o Lobo se aproximar, quando notei estava a minha frente, como sempre sem nada a dizer, parecia tentar ler minha alma, como conseguiu na noite anterior, tentei disfarçar, sequei minhas lagrimas e sorri a ele, então tornou a forma humana mais uma vez e o convidei a sentar ao meu lado, agora em minha cabana, e fiquei feliz porque ele aceitou, tal convite, ele me fazia bem, mas hoje se mantinha em silencio, então o deixei ali, prezo a teus pensamentos admirando a lua, não sei por quanto tempo ficamos ali, perdidos em nossos pensamentos particulares, perdidos em nosso mundo, mas apesar de tudo ele estava ali, e já agradecia aos deuses por isso.

Então me levantei, sem nada a dizer, fui ate o interior da cabana, a noite começava a esfriar, preparei um café quente peguei duas mantas e retornei para a varanda, deixando o café sobre a mesa e entregando-lhe a manta, que quase que automaticamente ele colocou sobre as pernas, então lhe servi o café, só então vi seu olhar direcionado a mim, parecia tao distante, mas seu sorriso ainda era lindo, o que será que ele tanto pensava, que segredos ele ainda mantinha, eu não sei, e na verdade não desejava saber, não seria uma intrusa em sua vida.

Então ele começou a falar sobre ele, parecia distante, lembranças de vidas distantes, relatou-me tudo que ia a sua alma naquele momento, coisas boas e ruins, mas seu tom de voz não mudava, parecia seguro sobre tudo, a dor parecia não afligi-lo, o que o tornava ainda mais inigmatico.

Deixei que falasse, tudo o que desejava, parecia que desejava que soubesse certas coisas, como ele fez comigo ontem apenas escutei, atentamente a tudo que me disse, a paz reinava depois de tanto tempo, e isso me fazia bem.

Passamos a noite assim em devaneios e conversas sem nexo, evitando falar mais do que se devia, sabiamos nossos pontos negativos e não desejavamos deixar eles mais evidentes.

Foi uma noite por deveras agradavel, acompanhada pela luz da lua, confissões e segredos que jamais deviam ser revelados, pareciamos confiar um no outro, e isso era bom, penso que tinha um amigo, e era tudo o que precisava naquele momento, ter alguém que posso contar e confiar, então mais uma vez ao amanhecer ele se despediu e partiu...

Eramos de mundos tão diferentes, e mesmo assim tão iguais, nossa solidão, nosso mundo particular, tudo em nós nos fazia únicos, e mais uma vez agradeci aos Deuses pela presença dele em minha vida, e o mais interessante, tantas perguntas a serem feitas e não foram e todas as respostas foram dadas, estariamos tao ligados assim? Não sei, apenas sei que a presença dele tornou tudo ainda mais facil para o recomeço, eramos espelhos de nós mesmos, então voltei para dentro da cabana, me deitei e adormeci, como a muito não fazia, um sono de paz, apesar de tudo.

Condessa Drakon
Enviado por Condessa Drakon em 05/08/2017
Código do texto: T6074874
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