(realismo fantástico)
O sonho do Jeremias
Jeremias acordou, mas não abriu os olhos. Estava tentando entender o sonho que tinha acabado de ter. Nele, estava dormindo, quando ouviu um barulho e percebeu que o teto de sua casa estava subindo, como se tivesse sendo tirado por alguém. Assustador e com uma incrível sensação de realismo.
Como se temesse não ser apenas um pesadelo, foi abrindo os olhos, bem devagar. Era de manhã e os primeiros raios de sol já espantavam a escuridão. Quando viu aquele azul escuro e a ponta do telhado sumindo, percebeu que suas suspeitas não eram apenas suspeitas. Não demorou muito e um rosto – ironicamente simpático e enorme – espiou dentro do quarto. Meio amarelo, olhos asiáticos e um sorriso quase ingênuo contrastavam com o horror da situação. Jeremias pensou por um instante que ainda havia a possibilidade de tudo aquilo não ser verdade. Fechou os olhos por uns instantes, encheu-se de uma esperança vã e abriu-os novamente. Ele não estava mais lá. O alívio, entretanto, foi por pouco tempo.
Daí para a frente, foi tudo muito rápido. O inusitado dos acontecimentos causava uma perplexidade tão grande que Jeremias não conseguia pensar e muito menos avaliar a situação. Dois dedos enormes vieram de cima e pegaram-no pelo tronco, tirando-o da casa. Aquele ser, que agora dava para ver – era um gigante – levou-o cuidadosamente para uma espécie de galpão, muito maior e mais alto que sua residência e sem uma das paredes. No chão havia uma espécie de cobertor grosso, onde foi colocado. Aquele estranho ser, com forma humana, tinha suas peculiaridades. As pernas eram excessivamente longas em relação ao resto do corpo. Devia ter uns 5 metros de altura e era incrivelmente delicado e cuidadoso para seu tamanho.
Jeremias imediatamente sentiu-se como um animal de estimação. Ainda mais, depois que viu um pote de água e algo que parecia comida sobre um tablado. O ser desapareceu por um tempo e, aos poucos, Jeremias foi se acomodando e experimentou a comida e bebeu um pouco de água. O alimento tinha um sabor desconhecido, mas não era nada mau. Sentou-se num tronco e tentou arrumar suas ideias. Embora assustado, agora estava com aquela sensação de que aquilo não era tão estranho assim. Tinha a impressão de que já conhecia o lugar e, talvez, o próprio ser.
Quando esse voltou novamente para observar se estava tudo bem com Jeremias, ele já não se lembrava mais do sonho. Aliás, ele se lembrava de um sonho, sim. De que estava numa casa pequena, cheia de repartições e que tinha sons estranhos vindos de uma caixa luminosa. Havia outras coisas muito bizarras espalhadas por todo o lado. Aos poucos tudo passou a ser normal. Os dias eram sem noite e sem horas. Um continuar.
Ele não tinha mais nome, o Jeremias. Ele não era ele, era um ser que agora pertencia a um outro ser.
Seu dono era bom, cuidava bem dele. Isso era tudo que importava.
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O sonho do Jeremias
Jeremias acordou, mas não abriu os olhos. Estava tentando entender o sonho que tinha acabado de ter. Nele, estava dormindo, quando ouviu um barulho e percebeu que o teto de sua casa estava subindo, como se tivesse sendo tirado por alguém. Assustador e com uma incrível sensação de realismo.
Como se temesse não ser apenas um pesadelo, foi abrindo os olhos, bem devagar. Era de manhã e os primeiros raios de sol já espantavam a escuridão. Quando viu aquele azul escuro e a ponta do telhado sumindo, percebeu que suas suspeitas não eram apenas suspeitas. Não demorou muito e um rosto – ironicamente simpático e enorme – espiou dentro do quarto. Meio amarelo, olhos asiáticos e um sorriso quase ingênuo contrastavam com o horror da situação. Jeremias pensou por um instante que ainda havia a possibilidade de tudo aquilo não ser verdade. Fechou os olhos por uns instantes, encheu-se de uma esperança vã e abriu-os novamente. Ele não estava mais lá. O alívio, entretanto, foi por pouco tempo.
Daí para a frente, foi tudo muito rápido. O inusitado dos acontecimentos causava uma perplexidade tão grande que Jeremias não conseguia pensar e muito menos avaliar a situação. Dois dedos enormes vieram de cima e pegaram-no pelo tronco, tirando-o da casa. Aquele ser, que agora dava para ver – era um gigante – levou-o cuidadosamente para uma espécie de galpão, muito maior e mais alto que sua residência e sem uma das paredes. No chão havia uma espécie de cobertor grosso, onde foi colocado. Aquele estranho ser, com forma humana, tinha suas peculiaridades. As pernas eram excessivamente longas em relação ao resto do corpo. Devia ter uns 5 metros de altura e era incrivelmente delicado e cuidadoso para seu tamanho.
Jeremias imediatamente sentiu-se como um animal de estimação. Ainda mais, depois que viu um pote de água e algo que parecia comida sobre um tablado. O ser desapareceu por um tempo e, aos poucos, Jeremias foi se acomodando e experimentou a comida e bebeu um pouco de água. O alimento tinha um sabor desconhecido, mas não era nada mau. Sentou-se num tronco e tentou arrumar suas ideias. Embora assustado, agora estava com aquela sensação de que aquilo não era tão estranho assim. Tinha a impressão de que já conhecia o lugar e, talvez, o próprio ser.
Quando esse voltou novamente para observar se estava tudo bem com Jeremias, ele já não se lembrava mais do sonho. Aliás, ele se lembrava de um sonho, sim. De que estava numa casa pequena, cheia de repartições e que tinha sons estranhos vindos de uma caixa luminosa. Havia outras coisas muito bizarras espalhadas por todo o lado. Aos poucos tudo passou a ser normal. Os dias eram sem noite e sem horas. Um continuar.
Ele não tinha mais nome, o Jeremias. Ele não era ele, era um ser que agora pertencia a um outro ser.
Seu dono era bom, cuidava bem dele. Isso era tudo que importava.
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