Meu nariz não é queijo
Todos de olhos na televisão. Se não me engano assistíamos o Jornal. A sala era grande. A campainha tocou e a galera do meu filho chegou. Um dos amigos carregava uma gaiola com um pequeno animal.
Pra mim era um rato. Ele disse ser um esquilo da Mongólia, e seu animal de estimação. Isso é um rato. Exclamei! Retrucou! Esquilo da Mongólia, originário de uma região montanhosa daquele país.
Respondi: Pelo que sei, o forte da Mongólia são cavalos, foi o que vi em documentários. Risos!
Por alguns momentos o pequeno roedor passou a ser a atração principal. Todos queriam ver o “rato”. Eu não tinha dúvida: importado ou não, era um ratão asqueroso.
A meu ver, o animal parecia mesmo com uma ratazana, comuns nas beiras de rios e córregos aqui na grande cidade. A diferença era que tinha uma cor de ferrugem, e não cinza como costumamos ver.
Divergências a parte, não se pode contrariar visitas, muito menos se forem amigas de nossos filhos.
Mas adolescente tem dessas, eles ditam as regras e criam suas fantasias. Às vezes temos que fechar os olhos, e aceitar.
Colocaram a gaiola num canto, e fomos jantar. Voltamos nossa atenção para uma descontraída conversa, e para a tevê, enquanto o João, amigo do meu filho curtia seu esquilo.
Na hora de dormir, não tendo lugar para todos, estendi um colchão no chão e ali dormi.
Lá pela madrugada acordei assustado, algo me mordia o nariz. Não era sonho. Ao abrir os olhos vi o maldito rato me olhando como se meu nariz fosse um queijo. Doeu! Revidei na hora com um supetão, que infelizmente não acertei. Queria matá-lo, mas ele escafedeu-se pelos cantos da casa. Como havia fugido da gaiola não sei. Passou-me pela cabeça que tinham aprontado comigo, soltando o infeliz por maldade, impensável.
Expressei minha indignação em voz alta.
Maldito roedor... Aquilo acordou todo mundo, que passaram a procurar o indesejado animal, por toda a casa.
Depois de muito procurar, João capturou o fujão e o colocou novamente na gaiola.
Todos foram dormir, e eu passei o resto da noite pensando, se na manhã seguinte deveria procurar um médico, afinal o pequeno acidente causado por um rato trazia preocupações. A mordida iria infeccionar? Será que ele era vacinado? O dono dizia que sim, justificando que o animal nascera em cativeiro. Raiva eu já estava sentindo, na verdade furioso, mas e a biológica? Por via das dúvidas decidi que passaria numa consulta na manhã seguinte. Afinal não é todo dia que alguém leva uma mordida de um rato. Acho que ele pensou que meu nariz era queijo, afinal ele não era um simples rato, mas um esquilo da Mongólia! Adolescentes... Só dando risada de uma situação desta.