Uma nova era - parte 1
Noite de lua cheia, e finalmente desperto, depois de seculos, enclausurada em minha cova de morte, da qual na realidade não desejava sair, mas era necessario, era minha hora de reassumir tudo o que me pertence, meu mundo, para que outro como eu descanse, pois Amélia já tinha me ajudado muito, e era minha vez de reassumir meu lugar.
Estava pronta pra recomeçar, e assim seria, amava meu mundo, apesar de tudo, e pelo o que via tudo estava na mais perfeita ordem, e eu estava feliz, depois de todas as celebraçoes necessarias pela minha volta, precisava rever meu mundo, respirar, e era isso que ia fazer.
Enquanto as celebraçoes continuavam no salao principal, segui para fora, queria respirar, mas dessa vez impedi que minha guarda pessoal me acompanhasse, precisava de um tempo sozinha, acho que a solidão sempre foi minha melhor companheira, não consigo me ver cercada de pessoas, aprendi isso com o tempo, minha solidão minha melhor conselheira.
Abri minhas asas, e voei para onde encontrava minha paz, a floresta, minha amada floresta, envolta da energia que tanto precisava, como era bom estar de volta, mas havia algo nela que não identificava, meus instintos ficaram alertas, como sempre, precisava me alimentar, sentir o gosto do sangue, mas não iria atacar os seres dali, apenas passei aqui para relaxar de tantas emoçoes de uma noite só.
Foi então que notei a presença de alguém diferente, naquelas terras, uma essencia que não conhecia, ou talvez não me lembrava, me aproximei, e apenas observei, aparecentemente era um decadente, recém-chegado, estava ferido, pude notar isso, mas fiquei de longe obervando apenas, não estava pronta para contatos com ninguém, e além do mais podia ser que logo fosse embora, melhor seria não se envolver, parecia ter notado minha presença, pois virou-se, então me afastei, retornei ao meu castelo e recomendei aos meus servos de confiança que fossem até lá, e voltassem com informaçoes concretas e assim foi feito, fui informada que ele realmente era um anjo caído, e que precisava de refugio.
Ponderei sobre isso por algum tempo, e passei as intruções a eles, que fizeram tudo como ordenei, não queria problemas, e como veio em paz, não custava nada ajudar, depois de tudo resolvido e a festa haver terminado, todos se recolheram e então fiquei com meus pensamentos, sobre os acontecimentos, e vi o quanto era bom estar viva mais uma vez e livre, uma liberdade que há muitos anos não possuia.
Fui ate o vilarejo e me alimentei, como a fera que sou, dessecando a veia de de um desconhecido por aquelas terras pelos seus trajes, sua morte não seria chorada, seria mais seguro por hoje, embora houvesse alimento suficiente em minha propriedade, precisei disso essa noite, logo amanheceria e a calmaria estaria em minhas terras, e todos estariam recolhidos.
A visão daquele ser não saia de minha mente, era como se algo me ligasse a ele, logo ao clarear do dia, fui verificar se minhas ordens haviam sido cumpridas descobri que sim, o que me tranquilizou um pouco, ele estaria em paz ali.
Segui pelo caminho, até encontrar meu local secreto, a caverna atras da cascata, e ali fiquei por horas, remoendo lembranças e fazendo planos para o futuro, me sentia melhor depois de tudo, o barulho da agua ajudava-me a pensar, quando notei que havia alguém la fora, era ele, o anjo caido, sentado a beira do riacho, tambem perdido em seus pensamentos, aproveitei que ele não sabia de minha presença e fiquei a observar aquele ser, parecia tão solitário, e ao mesmo tempo tinha tanto poder, como poderia um constraste desse em um ser, podia sentir teu coração pulsando, o cheiro do teu sangue, que era proibido a mim, por sua condição, e sem querer notei que meus instintos estavam despertados, minhas presas a vista, precisava me controlar, ele não era um inimigo, ao menos não demonstrava isso, ele pareceu sentir a presença de alguém, olhou em volta e nada viu, melhor assim, só não entendia porque não podia penetrar na mente dele como já fiz com todos outros, sinal que devia tomar ainda mais cuidado com ele, esperei que ele se afastasse e segui para meu castelo novamente, afinal minha presença se faria necessaria ao anoitecer, precisava repousar um pouco.