Mundos

Metrô, calçada, luzes.

Madrugada, reflexão, “minha vida como um filme”.

Parece que a vontade de viver um filme, virou realidade.

Saí do metrô sem olhar pros lados, estava preocupada demais com o seminário pra pensar em assalto, sequestro, morte, chacina, estupro ou qualquer coisa mais comum do que desejamos nos dias de hoje.

Latrocínio, homicídio, sequestro relâmpago, maníaco do parque, bomba nuclear, ataque terrorista, bomba de efeito moral. Droga, já nem me lembro mais do seminário.

Sabe aqueles dias em que você ouve tanto uma música, que te da uma certa abstinência quando está sem escutá-la? Esse dia é hoje. Ouvi tanto uma música chamada “The Only Moment We Were Alone” que consigo ouvi-la sem nem ter um disco por perto. Maldita abstinência.

Depois de passar por uma antiga casa abandonada, em minha caminhada na madrugada, mais indignada do que atrasada, afobada e amedrontada, vi uma senhora encostada, fixada em me observar, totalmente parada. Parecia incomodada, amedrontada por me ver, querendo falar, perdida, talvez desnorteada.

- Se um dia pudesse perguntar algo a alguém, que sabe a resposta de tudo, o que perguntaria? – disse a senhora.

Claro que escutei somente o final, enquanto minha raiva diminuía, e eu tirava meu fone de ouvido. Odeio que falem comigo quando estou de fone. Deveria existir uma lei pra isso, ou melhor, respondendo a pergunta dela, acho que perguntaria por que as pessoas insistem em falar com quem está de fone de ouvido.

- Perguntaria pra onde vão os guarda-chuvas que já perdi. – respondi em um tom irônico, porém pouco hostil.

- Venha cá. – apontando pra dentro da casa.

O que poderia ser mais perigoso? Entrar em uma casa abandonada, na madrugada, com uma velha que nunca vi, ou ficar sem saber para onde iam meus guarda-chuvas?

- Está vendo aquele baú? Ele possui as respostas – disse-me a senhora.

- É o Google? – brinquei, deixando a senhora com uma interrogação na testa.

Abri o baú, e encontrei um álbum de fotos. A senhora calmamente sentou ao meu lado, abriu a primeira página do álbum, e disse:

- Eu estou aqui desde o início.

Quando vi a primeira foto, era uma paisagem comum, uma cachoeira e uma mata ao lado. Na segunda foto, vi que existiam alguns animais, que eu nunca havia visto.

Ela me explicou que aqui na Terra, nem tudo começou como imaginamos. Não fomos criados do barro, e nem aparecemos por acaso, como os cientistas imaginam. Nós fomos criados. O povo dessa mulher, colocou uma semente aqui, em nossa terra, como é feito a milhões de anos pelo Universo. Evoluímos sim, mas do modo como era esperado pelos criadores.

Nunca fui de questionar a bíblia, os costumes das religiões, e nem os cientistas. Mas o que fazer quando se tem as respostas?

Eu vi fotos de coisas que nem imaginava terem acontecido. As pirâmides do Egito sendo construídas, com uma “mão” de algumas pessoas, que não eram daqui. Vi esses mesmos seres serem reverenciados na Ilha de Páscoa, fotos das Linhas de Nazca sendo feitas, para tentar um contato com os seres, que há muito tempo, já haviam partido.

O que decidi fazer, é guardar esse conhecimento comigo mesma. Alguém iria acreditar em mim? Eu seria a líder de alguma seita que acredita em ET’s? Nunca saberei. Mas o que me incomoda de verdade, é saber que depois de todo o trabalho que eles tiveram, para nos ajudar a construir algo tão bonito e importante como nossa sociedade moderna, estejamos indo pra um caminho tão errado, cruel e mortal.

- Tudo bem se eu for pra casa agora? Tem tanta coisa pra eu pensar… - eu disse para a mulher.

- Você não precisa digerir toda essa informação… apenas achamos que algumas pessoas precisavam saber.

- Quantas sabem além de mim? – perguntei.

- Digamos que menos pessoas do que você conhecerá em toda sua vida. O conhecimento pode fazer mal, não todo tipo, mas sim aquele que destrói as “nossas verdades”. Algumas pessoas conseguem lidar com ele, mas a maioria não.

Voltei andando pra casa. O fone de ouvido já não me dava a mesma segurança de antes. Por que será que isso me incomoda tanto? Não consigo pensar em outra coisa! Maldito seminário…