O lado escuro
Primeira parte: A criança que olhava para o escuro
Um menino de seis anos chamado Oliver, assim meus pais me batizaram, estou deitado em minha cama à noite pronto para dormir como faço todas as noites, minha mãe me da um beijo na testa como todas as noites.
Tenho medo do escuro como muitas crianças, então minha mãe deixa o abajur acesso,
Estou confortável em minha cama com meu cobertor, a janela esta fechada, pois está frio La fora.
Sou um garoto normal, exceto por ver coisas estranhas no escuro, meu abajur é meu escudo, sinto medo e curiosidade para saber o que é tudo isso que vive no escuro, depois de certo tempo olhando para o escuro eu finalmente durmo com aquelas imagens de sombras dançando nas paredes.
Com o sono inocente de uma criança vêm os sonhos estranhos, eu estou deitado em uma cama, em um quarto frio e escuro, acima dele uma moça toda coberta e com uma mascara branca, flutuando, posso sentir o cheiro dela e ver seus olhos através da mascara, olhos de um azul profundo.
Observo suas delicadas mãos, sem esmalte nas unhas, o manto balança lentamente e é possível ver outro escuro através dele, e sombras de criaturas estranhas caminhando em um lugar muito distante.
Então acordo em meu quarto assustado, mas satisfeito por vê La de tão perto e sentir seu poder, eu vivo como uma criança comum, mas escondo meus sonhos de todos, gosto disso.
Pouco se sabe sobre o outro escuro ou como é chamado o verdadeiro escuro, é outro lado, desconhecido pelo homem, mas eu que sonho com a moça de manto estou tendo muito mais contato do que o resto do mundo.
A cada sonho eu me empolgo mais, resolvi sair desse quanto, criança corajosa, eu quero ver a tal moça de manto mais uma vez, então saio para um jardim estranho com flores diferentes e com cores de sangue, arvores com formas de pessoas que parecem me olhar.
É sempre noite aqui e frio também, eu caminho pelo jardim me sentindo um grande desbravador, certo de que irei descobrir muitas coisas, e La esta minha moça de manto em pé perto de uma antiga fonte de água.
_ Ola moça, posso ver seu rosto?
Perguntei com receio, ela apenas balançou a cabeça mostrando que não.
Eu comecei a fazer muitas perguntas, mas sem ouvir uma única palavra, eu não entendia se ela queria ser minha amiga, por que me trouxe aqui?
Eu sabia que era um sonho, mas eu tinha certeza que com isso eu iria para outro lugar, então ela se aproximou de mim, senti um grande arrepio e seu cheiro, ela apenas apontou para um velho cemitério.
Caminhei pela rua do que parecia ser um antigo vilarejo, fui até o velho cemitério, quando entrei comecei a ler as lapides, “aqui jaz um herói ignorado” outro dizia “aqui jaz um louco triste” e “aqui jaz um traidor maldito” até que vi um tumulo perto de uma arvore, e lá estava escrito “aqui jaz nossa amada dama”.
Percebi que a tal moça era um fantasma, pensei um pouco e decidi que não iria desistir dela.
Nesse momento havia vários monstros comedores de ossos olhando para mim, logo vi que aquele era um lugar perigoso, minha moça apenas olhou, nada fez, achei isso uma brincadeira de mau gosto.
Corri como louco, sensação estranha, devo ter visto isso antes, pobre garoto assustado correndo para sua cama, em algum lugar.
O vento frio sopra e gritos são ouvidos, é um lugar perturbador para uma criança, mas eu sou diferente de você, eu quero estar ali, sem saber o por quer, eu quero.
Aqui estou um garoto especial, para minha moça se orgulhar...
Os anos se passam e eu cresci atormentado pelo escuro e minha moça que chamo de Dama do escuro.
Estou ousado, quando estou no outro lado gosto de deixar meu lado animal falar, pela floresta negra eu caminho caçando monstros, na beira do abismo eu desafio a sorte, é um jogo perigoso, mas eu não estou pronto para esse mundo, aqui não é como minha casa.
Embora sem entender eu continuo xeretando, a dama não esta mais comigo, isso me deixa ainda mais curioso.
Estou em minha cama em um quarto meio escuro, quando sou surpreendido por um capitão do exercito.
_ o que pensa em fazer aqui garoto?
_ é minha casa e aqui estou, quem é você?
_Sou o capitão Daniel, estamos em guerra com o escuro.
_ O que tenho a ver com isso capitão?
_ Você anda entre nós como um estranho, cruza as realidades, você é parte disto se quiser saber sobre quem você é de verdade.
Ouvindo essas palavras eu vi que estava preso a essa realidade estranha, senti que não era normal e uma tristeza abraçou meu coração.
O medo de ser um mostro escondido tomou minha mente, eu poderia ser um daqueles monstros que dançavam nas paredes no escuro ou aqueles comedores de ossos, ou ainda coisa pior, tonto com tudo isso questionei minha mãe sobre meu pai que nunca vi.
Minha mãe de boa mãe mudou para uma expressão agressiva e disse que meu pai não era daqui, ele era um lunático que queria destruir tudo, ele era uma má influencia para mim, meu pai é apenas uma lenda em uma terra muito longe daqui, não queria saber sobre ele, quis a guerra e morreu por isso, é o preço que ele pagou.
Eu senti saudades do pai que nunca vi nesse momento eu vi que a guerra não acabou.