Meu Conselheiro
Estava nesse distrito a algum tempo, embora me mantivesse sempre em minhas terras, precisava de alguém para me ajudar a administrar tudo isso, que entendesse de leis e tudo mais desse velho mundo, alguém em qual pudesse confiar, então, para minha surpresa conheço uma pessoa especial, um humano é claro Marduk, teria de tomar cuidado com isso, mas seria perfeito para o trabalho.
Penso que nao poderia ter encontrado alguem melhor do que ele, para minha cia, pois temos muitas coisas em comum, sensatos no momento certo, mas nos permitimos sonhar quando desejamos.
Hoje foi uma manhã muito especial, ele oficialmente perante todos, foi apresentado como meu conselheiro, agora devera ser respeitado por todos, mesmo que nao queiram, ordenei que ajeitassem seus aposentos, e segui para meu escritório na companhia dele.
Pedi para que sentasse, queria saber mais dele, antes de deixa-lo a par de tudo sobre minha propriedade, o cheiro dele me encantava, seu olhar, admito me trazia tal receio, mas me mantive firme em meus propositos naquele momento, não me deixaria envolver pela emoção. Mas não foi bem assim que se seguiu, ele era extremamente educado e gentil, notava-se que era de uma família de nobres, apesar de ser tao discreto quanto a sua vida pessoal.
Descobri tambem que ele não desejava morar em minhas terras e sim vir todos os dias, preferia assim, sua privacidade mantida, e agora depois de conhece-lo melhor penso que é melhor tambem, para evitar-se erros futuros. Precisava me manter centrada em meus objetivos, uma vida nova, sem passado, apenas essa, e precisava tambem me preservar quanto a isso, talves ele esteja correto com a escolha dele, e assim não saberia de coisas que não deveria saber, ate o exato momento, porque não sei ate que ponto posso confiar em um humano.
Conversamos sobre diversos assuntos, ligados a nossa sociedade, alias isso estava me sendo muito util, já que a seculos, não vivia em uma sociedade comum, como a que ele estaria acostumado, aprendi sobre muitas coisas, mesmo não admitindo isso na frente dele, estava sendo uma conversa incrivelmente agradavel, admito que há muito tempo não me sentia assim na presença de um estranho.
Depois de algumas horas de conversas informais, descobri que tinhamos muito em comum, principalmente a nossa maneira de ver a vida, e mesmo sem querer decidi mante-lo por perto, mas não tao perto, é claro, não seria louca de deixa-lo saber a verdade sobre mim, afinal agora sou apenas parte da realeza, precisando de ajuda no mundo dos humanos, entender essa sociedade tao complexa e cheia de ego, se soubessem a verdade, talvez mudassem.
As horas passaram rapido, parece que a companhia havia me feito muito bem, pois não vi as horas passarem e não desejava mais tomar o tempo do nobre cavaleiro, afinal ele devia ter uma vida tambem, uma família, a sua espera, não queria deixa-los preocupados, então tratei de dispensa-lo de seu trabalho por hoje, solicitando sua presença no dia seguinte.
Ao ve-lo se retirar, segui direto para meus aposentos, por um minuto pensei que não teria sido uma boa ideia manter um humano em minha propriedade, como falariam em meu mundo, “eu novo animalzinho de estimação”, odeio essa frase, mas foi impossivel não lembrar, minha vontade nesse momento era abrir as asas e voar pra longe, só então me lembrei que não estava no meu mundo, e teria de me comportar, então desci pelas escadas e segui para a floresta negra, ao menos la poderia ser quem realmente sou, sem ninguém para julgar, e ao fazer isso, mais uma vez me senti culpada, torturada pelas minhas lembranças, sobrevivente livre, e não dei chance de luta ao grande soberano, deixei que as lagrimas caissem, porque não conseguia esquecer, depois de tantas decadas? Hoje decidi ficar sozinha, então segui para a cabana, meu reduto, minha paz, saberia que precisaria voltar a mansão ao amanhecer, mas naquele momento só queria minha paz de volta, a imortalidade, o pior castigo para alguém como eu, então passarei a noite aqui, e amanhã preciso saber se devo ou não confiar nesse conselheiro e contar-lhe toda a verdade, para que se decida por si só, que deseja continuar ou não.