SEXTA-FEIRA
O telefone tocava… Já era noite.
Era uma daquelas gravações de operadora. Estressantes, não? Sim.
Passou-se meio segundo e o telefone voltou ao gancho com um baque forte de alguém ansioso.
A fumaça do cigarro misturava-se ao vapor do chuveiro e escapava pela janelinha circular do banheiro. A sublime silhueta da concubina revelava-se através do vidro do box, envolta pela névoa tóxica, aromatizando o ambiente com o gracioso odor de rosas exalado pelo sabonete.
A fumaça atravessava a fresta da porta e chegava até a sala.
- Onde foram parar? – questionou o homem, exausto e embriagado, já servindo-se de mais uma dose de uísque, na sala, acomodado à frente da lareira. Vestia seu típico roupão pós coito. Vermelho e preto, com o símbolo de ouros cravado no peito. Procurava os cigarro no ato de apalpar os bolsos.
Nada de mais… Só ele era real.
O resto era poesia.