A PERDA
Conto Surrealista de:
Flávio Cavalcante
 
 
 
     É de se tornar incompreensível algumas coisas. Parece que a nossa mente tem um tempo e depois é apagado completamente das nossas lembranças. Mas aos poucos a mente vai te presenteando com as lembranças que muitas vezes nos esforçamos para busca-las em nosso baú da memória.
 
     Tudo se passou dentro de um túnel onde havia vários vagões de trem. Parecia uma estação desativada. Estávamos eu, minha irmã Cláudia e um grupo de pessoas esperando um trem em bom estado; pois, todos que paravam sem motivo algum não estavam pegando passageiro e a situação de conservação era bastante precária. Resolvemos nos acomodar em alguns vagões desativados a espera de uma solução para sairmos daquele lugar. Parecia que estávamos indo para uma viagem e o inesperado acabou acontecendo. Coisas que na vida naturalmente é passivo de acontecer. No vagão que eu fiquei tinha uma espécie de banheiro e lá escovei meus dentes e depois minha irmã fez a mesma coisa.
 
     A minha preocupação era com uma quantia de vinte mil reais que estava dentro da minha carteira. Dinheiro este, que não sei por qual motivo estava ali, mas só me vem na recordação que era para liquidar uma casa que eu havia comprado. Ficamos ali mais de um dia. O trem passou e eu consegui abrir a porta traseira com muita dificuldade e ao entrar percebi que não tinha ninguém dentro daquele velho vagão. Os que ficaram do lado de fora inclusive minha irmã gritava para eu descer daquele vagão; pois, estava também com defeito assim como os outros. O impressionante era que ninguém aparecia para dar uma solução para aquela situação.
 
     Uma história sem pé e sem cabeça; mas, continuamos obrigatoriamente a viver aquela aventura, mesmo sem saber o motivo de estar ali e para onde estávamos indo. Aos poucos começamos nos organizar no local. Do lado de fora daquele túnel existia um praia deserta e um dos viajantes que eu não consigo lembrar quem era a tal pessoa, teve a brilhante ideia de explorarmos um pouco o lugar. E todos se animaram para curtir um pouco a praia já que na situação que nós estávamos não tínhamos muita opção a não ser de fazer absolutamente nada. A fome começou a apertar e na minha bolsa e da minha irmã havia alguns biscoitos e suco de laranja e foi assim que sentamos em uma das plataformas, começamos a nos alimentar e se preparar para o reconhecimento do lugar. Tomei aquele banho, saí molhado do chuveiro, juntei-me ao grupo e saímos. A praia era um cenário bem estranho. Parecia que naquele lugar já não era frequentada há bastante tempo. O mar parecia sem vida. A água era pesada, escura, como se tivesse poluída. Algo que no normal não serviria para se tomar bando. Repentinamente percebi que a minha irmã havia se juntando a outro grupo e saiu para outra parte daquele lugar estranho e eu continuei com esse amigo sentado na areia e conversando assuntos incompreensíveis, mas o lugar era de nosso conhecimento que estávamos ali para um piquenique ou algo parecido.
 
     Sentado na areia percebi que eu havia deixado minha carteira dentro dos vagões assim que eu estava escovando os dentes. Entrei em desespero quando percebi que havia vinte mil reais dentro da minha carteira e as pessoas que ficaram lá eram desconhecidos. Fiquei naquele momento em estado de loucura. Meu corpo tremia com o desespero. Afastei-me um pouco do amigo que estava do meu lado e tentei pegar o meu celular para ligar para a minha irmã pedindo para ela também correr até os vagões e recuperar a minha carteira. A dificuldade era imensa de pelo menos pegar o celular. Quanto mais eu tentava parece que eu não tinha coordenação motora para puxar o celular preso na barra da minha roupa de banho. Com muita dificuldade finalmente consegui ter um acesso livre ao meu celular. O outro desespero foi tentar procurar na agenda o número da minha irmã. O que é um problema nessa atualidade. O número fica na memória e ninguém se dá mais o trabalho de decorar os número dos telefones.
 
     O amigo que estava comigo percebeu o meu estado de total desespero e veio tentar saber o que estava acontecendo e na hora do pavor acabei delatando tudo; inclusive o valor que tinha dentro da carteira. Numa ação imediata, não percebi mais a presença do tal amigo e levantei dalí mais desesperado ainda, olhei para os quatro cantos e vi que ele havia se afastado repentinamente e já estava a uma certa distância. A sensação de perda e o arrependimento de ter entregue o ouro assim de mão beijada me deixou num estado de nervo e abalado emocionalmente. A sensação era de morte. Nesse instante minha desorientação havia até esquecido de ligar pra minha irmã e eu saí lutando com o natural para chegar primeiro que o amigo. Afinal ele era mais um que sabia da existência da quantia dentro da carteira. No desespero de chegar ao local acabei acordando daquele pesadelo e sem saber o que aconteceu posteriormente. Essas coisas acontecem muito quando estamos sonhando; mas também servem como lição que existem coisas na vida que se pudermos levar para o túmulo será sempre um forma de manter guardada a sete chaves dentro do baú coisas íntimas que só devem pertencer a você mesmo.
 
     Sendo assim existem casos que o problema existem, mas, ao falar para outrem esse problema só ganha mais preocupação como foi o caso deste sonho. Mesmo no meu desespero, não deveria de hipótese alguma ter contado detalhes. Melhor que isso na mão de um desonesto é só falar a senha de sua conta bancária. Ás vezes vemos essas lições como um alerta. Confesso que eu acordei assustado e aprendi com essa lição. Certamente se por acaso vier acontecer um situação mesmo que seja parecida, vou lembrar de cada detalhe e esse erro pelo menos não será cometido.
 
 
Flávio Cavalcante
 
Flavio Cavalcante
Enviado por Flavio Cavalcante em 10/05/2016
Código do texto: T5631706
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