É sigilo, meu caro leitor
O LADO REAL DO ABSTRATO, meu primeiro romance, disponível em: http://www.selojovem.com.br/pd-62fc17-o-lado-real-do-abstrato.html?ct=4356e&p=4&s=1
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Morava no Leblon, bairro nobre do Rio de Janeiro.
Vinte anos, era estudante de engenharia elétrica.
Grande mente exata.
Racional e realista.
Tranquila, forte e seca – sem quase nunca se abalar, especialmente por banalidades.
Filantrópica. Sedutora. De personalidade própria expressa, principalmente, em seus modos.
Também criativa e inovadora.
Mas ela tinha um segredo. (Este, esquisito).
Ela era também um homem de setenta e um anos que vivia em uma das zonas mais miseráveis da Bélgica, na Europa.
Passivo, poeta, boêmio, inteligentíssimo, considerado insano – já tendo sido internado três vezes em hospícios – por não ser padronizado, todo à vontade em suas vestes e em sua própria face, tomando banho poucas vezes durante a semana. Sentimental, alegre, autêntico.
Ao mesmo tempo em que atuava aqui, atuava acolá.
Não era algo aparentemente impossível. Era apenas duas vidas em uma. Mas isso se traduzia em sigilo.
Ninguém sabia. Exceto uma amiga íntima de noventa e três anos da carioca que, quando esta resolveu lhe contar de fato (talvez pela idade mais inocentemente jovem do que sua outra face lá no continente europeu, mais velho e experiente com a vida), lhe exemplificou a fim de provar, e então a idosa e companheira teve um infarto, padecendo instantaneamente.
Não obstante, era duplamente penosa a tarefa de se dirigir uma vida.
Mas isso ficava só entre aquela vida dúbia e Deus – e entre suas vantagens.
Ressalvando que a alma era a mesma.