Cortejo Fúnebre

Até então, visto sob desprezo,

entornado, ante este que em alma parecia-me embaçado,

não abriria os olhos, jamais, não como antes tentado.

Não que me aterrorizasse contemplar coisas terríveis,

com a noite e assombros cabíveis,

isto sem dó era o mínimo a me amedrontar;

Mas tinha medo de que nada houvesse para observar.

Experimentando atípico desespero em meu coração,

este que batia em bordão, perguntei-me ainda deitado no chão:

Após a morte há vida ou apenas vão?

Atordoado, senti ali o turvo vento do norte;

Meus piores pensamentos foram, então, sancionados.

Em meio ao sono… Não! Em meio a morte;

Talvez essa seja o sopro do Norte.

Os gemidos daquele lugar reduziam-me a nada,

cortavam-me como espadas,

sem tardar o universo tornou-se noite,

sobrevieram então o negror das trevas,

envolvendo-me sem indulgência na temida noite eterna.

Esforcei-me por respirar, juro!

A intensidade da escuridão parecia oprimir-me, asfixiar.

Súbito, senti a Disritmia em meu coração,

logo após, a simples consciência da minha existência,

sem pensamentos, apenas o vão.

William Cleize
Enviado por William Cleize em 23/02/2016
Código do texto: T5553231
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