Cortejo Fúnebre
Até então, visto sob desprezo,
entornado, ante este que em alma parecia-me embaçado,
não abriria os olhos, jamais, não como antes tentado.
Não que me aterrorizasse contemplar coisas terríveis,
com a noite e assombros cabíveis,
isto sem dó era o mínimo a me amedrontar;
Mas tinha medo de que nada houvesse para observar.
Experimentando atípico desespero em meu coração,
este que batia em bordão, perguntei-me ainda deitado no chão:
Após a morte há vida ou apenas vão?
Atordoado, senti ali o turvo vento do norte;
Meus piores pensamentos foram, então, sancionados.
Em meio ao sono… Não! Em meio a morte;
Talvez essa seja o sopro do Norte.
Os gemidos daquele lugar reduziam-me a nada,
cortavam-me como espadas,
sem tardar o universo tornou-se noite,
sobrevieram então o negror das trevas,
envolvendo-me sem indulgência na temida noite eterna.
Esforcei-me por respirar, juro!
A intensidade da escuridão parecia oprimir-me, asfixiar.
Súbito, senti a Disritmia em meu coração,
logo após, a simples consciência da minha existência,
sem pensamentos, apenas o vão.