Psiquê e Eros

Introdução

Como lagarta que rasteja sobre folhas de uma fria floresta, eu sou...
Alma possuidora de tantas asas...
Alma de pássaro coração de mortal...
A única asa que me neguei me é imposta
asas coloridas de borboleta divinal...
E como lagarta, que vive da escuridão e da desgraça, respiro
para no final ter o gozo em voar rumando o infinito...
Primeiro a dor da paixão
Depois o gozo eterno nos braços do amor rendido!

E assim, de meu orfismo nasce Psique em derrota...
Bela e poderosa em sua personificação
da alma humana um lampejo
do desespero realizando felizes desejos...
Eu sou toda humanidade, podem ver?
Pois eu vejo!

E tudo começa porque nunca soube o que é amar
Me cortejou a vida e tantas flores me foram benditas
e tantas canções me dedicaram em desejo de conquista
talvez tenha eu , de Afrodite, Atiçado a ira!

Enviou o Cupido, Eros maldito com suas pontas de paixão
Belo em sua grandeza e mistério...
Manto negro e escuridão... Eros apaixonado acertou meu coração!

E agora, tal como réprobo, caio em fundo fosso!
Desço escadas ao Hades , inferno odioso da solidão...
Carregando no peito o amor pelo próprio Eros maldito
mas aos meus olhos o anjo mais belo que possa ser visto!

Podem ver?



Psique em lamento

Neguei-me e me nego ao mundo
o que de mais belo pode existir?
Não há pássaro que me encante
pois somente tuas asas, Eros, me levam ao certo
Sinto-me no caminho, menos errante
E somente tua presença me guarda
e me faz, estranhamente, confiante...

Mas estou no escuro inferno
onde vislumbre de futuro
é tão escuro quanto o céu da madrugada
No entanto, teus olhos, duas estrelas azuladas,
brilham nessa negritude ingrata...

Voe para as profundezas
Resgate tua amada!

Deixe os reinos das ninfas, do ouro e da prata
Deixe o frio do topo do Olimpo
venha sem demora
resgata tua amada desse limbo!


- Perséfone consola Psiquê

Pequena Lagartinha
Que já me visitou como Hermes
Cheio de fascínio...
Pequena lagartinha
Que já me tocou como águia
Que já se deleitou de minha primavera
e conhece os baixos mundos
Pois tem as asas do carcará
que sabe ir e voltar
Do vales oriundos!
Amar não é inferno
é quente e poderoso
pode ser o teu tormento
um mundo frio e rochoso
mas se de lagartinha
vier a ser borboleta
verá que amar é infinitas facetas!
Deixe verter o ferro fundido que queima teu coração
vomite aqui em minha mão
as lagrimas de meu perverso marido
o ferro com que envolveu teu coração!


- Psiquê e suas asas

- Eu não vou zarpar desse mar
e não hei de me negar ao sentir
Seja dor, seja amor, eu vou até o fim...
Cansei de claudicar humanidade
veja Perséfone! Eu sou de carne!
Eu tenho medo
essa flecha queima e dói em meu peito
Eu morro e suspiro de saudade
Eros maldito
Aquele que bendigo!
Sangro e a distancia entre nossos mundos
é vinagre e sal na flecha sobrenatural
que Eros enterrou em meu peito
Sem pensar, sem medir a reação de seu feito!
E se assim foi...
Então que seja
estou cravada como eterna marca em sua alma
E se tem ele o meu coração nas mãos
tenho eu o coração dele como pendor
em um altar onde ilumino toda treva que há!
Sim... Hei de vomitar as lagrimas de teu Cruel marido
Lagrimas que Orfeu com sua canção o fez chorar...
Mas esse ferro não lhe entregarei
será minha aliança com a certeza
de que até o Diabo pode ser tocado por verdadeiro amar!



-Escrevendo no Presente o Ditoso Futuro com a Tinta do Passado

Perséfone sorrio, não lhe interessava as lagrimas de ferro tão sagradas
mas ali no fogo do tártaro, Psiquê forjou sua aliança, casou-se com a esperança...
Esperou longos dias e tortuosas noites, rastejou em terra sem folhas
como lagarta teve fome... Tanto esperou que adormeceu...
Quando acordou, lembrou que sonhara com a lira de Orfeu...
Ora, o amor parece a sina do homem, todos buscam por algo, mas algo algum faz sentido tudo perde a cor sem o toque mágico do amor, e a primavera nasce do canto do cupido...
E Psiquê já era borboleta, mas habituou-se ao inferno e sua escuridão...
Não sabia voltar e talvez não fosse seu destino as fulguras da terra santa, ou da terra humana, não havia horror no inferno se a sua alma compadecida jazia em cova suja sem se macular em lama pútrida...

Um zumbido estranho, não havia musica no inferno, e aquela não era a lira de Orfeu
mas esse zumbido despertou Psiquê de seu estado inerte...
tão veloz quanto seus dardos, Eros se lançou no Tártaro e quando Psiquê abriu os olhos vislumbrou a luz que é sugada no vácuo da imensidão estrelada...
Uma luz oculta em maneiras disfarçadas...

-Eros o Cupido Apaixonado

Quanto por ti esperei amada borboleta
Quanto por teu toque de seda esperei
Amada entre as ninfas e as fadas...
Voe comigo com suas asas de borboleta
Não me temas, pois não hei de te ferir
hei de fazer de tu o meu eterno amor
aquele que dorme comigo nas brumas do mistério
que pouco a pouco, por prazer, ao meu prazer revelo!
Veja trago em meu peito uma flecha...
Pois tu tens as mesmas penas de minhas asas
e as mesmas penas que carrego do mundo nas costas...
Tens o que há em mim...
E eu sou o que há em teu misterioso coração!
Venha...
Não temas
segures minha mão!










 
Noah Aaron Thoreserc
Enviado por Noah Aaron Thoreserc em 23/01/2016
Reeditado em 23/01/2016
Código do texto: T5520181
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