PUPILAS E PAPOULAS
Sempre pensei que houvesse alguma possibilidade de existir algum tipo de palavra – ou de estar – que pudesse ultrapassar o poder e a volatilidade das próprias palavras que costumamos extruir a todo momento – e por todos os lugares onde nos colocamos – ; e, assim, conceber-nos algum real horizonte em que se fincassem, menos emplasticamente, as ilusões, as esperanças e as sublimidades que não nos cabem às sencientes razões do ego.
Não obstante, a cada passo telúrico, a cada pulo de gato, a cada metamorfose dissimulada, a cada voo condenado e a cada alvo errado, sinto que a própria existência não passa de um vão querer por se atingir céus com os pés sujos de lodo; ou, com ilusões afoitas, todo o imaginário de entre-as-coisas.
Foi assim que perambulei por geografias incertas e por caminhos sem rota, a viver estórias livres em abismos de prata e a beber sóis vespertinos ainda às madrugadas, até me verter ao deserto; onde os demais habitantes friccionavam os corpos nas areias, enquanto se perjuravam amores e fidelidades idílicas; onde os fortes néons povoavam – com seus cheiros, cores e demências – o ar rarefeito ao qual se prenunciam novas vidas e novas mortes em exíguas esperanças e porvires; onde me depositei, enfim, com as asas quebradas, em destroços enferrujados de minhas próprias quedas e em estilhaços de poesias matracadas.
Porque eu descobri, realmente, que o que mais nos faz curvar aos precipícios e vazios dos caminhos não são os sonos brutos das noites, nem as sombras soturnas das escuridões, mas sim – e exatamente – nossas incautas atuações aos espetáculos mambembes, sob cujas luzes se afloram o imaginário das coisas, as miragens dos absurdos, os cantos das pedras e as perdas irreversas.
Não obstante, a cada passo telúrico, a cada pulo de gato, a cada metamorfose dissimulada, a cada voo condenado e a cada alvo errado, sinto que a própria existência não passa de um vão querer por se atingir céus com os pés sujos de lodo; ou, com ilusões afoitas, todo o imaginário de entre-as-coisas.
Foi assim que perambulei por geografias incertas e por caminhos sem rota, a viver estórias livres em abismos de prata e a beber sóis vespertinos ainda às madrugadas, até me verter ao deserto; onde os demais habitantes friccionavam os corpos nas areias, enquanto se perjuravam amores e fidelidades idílicas; onde os fortes néons povoavam – com seus cheiros, cores e demências – o ar rarefeito ao qual se prenunciam novas vidas e novas mortes em exíguas esperanças e porvires; onde me depositei, enfim, com as asas quebradas, em destroços enferrujados de minhas próprias quedas e em estilhaços de poesias matracadas.
Porque eu descobri, realmente, que o que mais nos faz curvar aos precipícios e vazios dos caminhos não são os sonos brutos das noites, nem as sombras soturnas das escuridões, mas sim – e exatamente – nossas incautas atuações aos espetáculos mambembes, sob cujas luzes se afloram o imaginário das coisas, as miragens dos absurdos, os cantos das pedras e as perdas irreversas.