Minha primeira vez

Por uma circunstância singular, não tão rara, no entanto, tive duas primeiras vezes. E num espaço de poucos meses.

Para a primeira-primeira, acho que fui só, pois já tinha boa noção do caminho, era bem pertinho, e a manhã era bela e fresca. Confesso que tinha meus receios à exposição, mas soube me controlar e tudo saiu conforme o script, ainda que tivessem transcorrido horas, do início ao fim.

Já a segunda-primeira, por que tanto ansiava, quiçá mais do que a primeira-primeira, transcorreu num ambiente diferente e tive que ser levado senão pela mão, pelo menos pela condução de papai.

Tudo era distante, diferente e até um pouco acachapante. Mas

fui, ainda que ofegante, naquele tórrido sol de meio-dia - como o Gomide - o porteiro, dizia.

Mas apesar da experiência anterior, de que me livrara com louvor, não resisti à marcha lenta das horas. Pedi pra ir embora. E que mestra vai negar a uma criança quando, no primeiro dia de aula, só chora?

Paulo Miranda
Enviado por Paulo Miranda em 19/09/2015
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