Entre o Céu e o Inferno -Parte III
Parecia que séculos haviam se passado, até que o último deputado foi chamado. Pela sua face via-se que estava irritado.
-Que seja rápido. -foi logo dizendo para a atendente. –Já perdi horas preciosas de meu tempo. Espere até eu falar com o seu chefe. Vou conseguir um cargo que a fará se arrepender por não ter me tratado com o devido merecimento.
-Por isso não, senhor – disse a moça, simpática como sempre – O senhor é um dos mortos mais rápidos de se atender. Aqui está o seu cartão. Verá o juiz apenas pra receber seu formulário e descer aos seus aposentos. E aposto que lá será tratado de acordo com sua posição.
-Mesmo?! –perguntou o deputado olhando o cartão preto, imaginando que o levaria a área vip.
-Queira nos acompanhar. –pediram os anjos guardiões, conduzindo-o para a salinha.
-Nesse lugar tem um banho de banheira e um champanhe fino? Preciso relaxar um pouco... Não quero voltar ao mundo dos vivos nesse estado. – Ia dizendo o deputado tagarela.
-Ora, Ora! –exclamou o anjo juiz ao vê-lo entrar. –Quem diria que hoje teríamos um personagem ilustre?
-Você me conhece? –perguntou o político, lisonjeado por uma figura celestial saber de sua existência.
-Que seja rápido. -foi logo dizendo para a atendente. –Já perdi horas preciosas de meu tempo. Espere até eu falar com o seu chefe. Vou conseguir um cargo que a fará se arrepender por não ter me tratado com o devido merecimento.
-Por isso não, senhor – disse a moça, simpática como sempre – O senhor é um dos mortos mais rápidos de se atender. Aqui está o seu cartão. Verá o juiz apenas pra receber seu formulário e descer aos seus aposentos. E aposto que lá será tratado de acordo com sua posição.
-Mesmo?! –perguntou o deputado olhando o cartão preto, imaginando que o levaria a área vip.
-Queira nos acompanhar. –pediram os anjos guardiões, conduzindo-o para a salinha.
-Nesse lugar tem um banho de banheira e um champanhe fino? Preciso relaxar um pouco... Não quero voltar ao mundo dos vivos nesse estado. – Ia dizendo o deputado tagarela.
-Ora, Ora! –exclamou o anjo juiz ao vê-lo entrar. –Quem diria que hoje teríamos um personagem ilustre?
-Você me conhece? –perguntou o político, lisonjeado por uma figura celestial saber de sua existência.
-E quem não o conheceria? O político do POVO. De todos os ladrões o senhor é o pior que existe.
O deputado que até então sorria, ficou paralisado. Pensou não ter entendido.
-Veja – disse o anjo juiz entregando-lhe um livrinho – Sua vida é uma obra prima de maldades. Mas não se preocupe já pode ir beber seu champanhe, embora nunca ouvi falar que servem tal bebida no andar de baixo. Já coloquei minha assinatura no formulário, estás despachado.
-Mas eu tenho que voltar para o meu mundo? –disse o político aos gritos. - Onde está o seu chefe? Eu exijo voltar para o mundo dos vivos...
-Daqui não se volta excelência. Só segue adiante de acordo com as obras que se fez em vida.
-Um advogado! Qualquer tribunal descente tem que ter um advogado! Exijo um julgamento descente!
-Não tens direito a julgamento. O cartão preto que carregas afirma que já estás condenado. E com os crimes que consta em seu histórico, não encontrarás ninguém que o defenda.
-Sem problemas. Eu mesmo me defendo.
O anjo juiz pensou um pouco e disse.
-Se há algo que não existe no céu é injustiça. Deus nos livre de condená-lo injustamente. Que iniciemos o julgamento.
O deputado sentou-se na cadeira do réu.
-Primeira acusação: –disse o anjo – Desvio de cem mil reais dos fundos destinados à educação. O dinheiro foi usado para viagens no exterior com a família; Segunda acusação: desvio de duzentos mil reais das obras de pavimentação federal. O dinheiro foi usado na compra de carros de luxo...
-Não foi bem um desvio –interrompeu o deputado – Foi um complemento do salário. O que eu ganhava não estava cobrindo as despesas. Invisto muito do que tenho pelo bem do POVO.
-Claro! –disse o anjo – E imagine como vive um pobre que ganha doze vezes menos e nunca desviou um centavo ou "cruzeiro"; mas continuando... Desvio de duzentos e cinqüenta mil reais das verbas destinadas ao S.U.S.
-É melhor parar seu anjo... não precisa ler todas as acusações... Tudo o que eu fiz foi por um bem maior. Vendo minha família com conforto eu me inspiraria para criar um país melhor.
-E você conseguiu... O país está muito melhor em tudo de mal que existe. Não tenho mais nada a acrescentar. Seu julgamento está encerrado e a sentença não será revogada.
-Não seu anjo! Eu exijo falar com o seu superior... –protestou o deputado.
-Podem levá-lo –disse o juiz aos ajudantes. – Acho que não terá um banho de banheira, mas irá adorar a sauna.
A porta se abriu e o deputado viu as chamas de uma fornalha ardente.
Começou a espernear desesperado...mas de repente ....
Abriu os olhos. Ainda era de manhã. O dia estava amanhecendo. Tudo não passará de um pesadelo.
A esposa que estava ao seu lado perguntou:
-Tudo bem querido?
-Apenas um sonho estranho. Sonhei que eu era um deputado corrupto e que estava destruindo o país.
-Relaxa, querido. Essas coisas não acontecem aqui em Júpiter. Você tem sido o melhor governante que esse mundo já viu... Nosso povo não poderia ter uma vida melhor.
-Sim, querida! Mas esse sonho me fez pensar: em um universo com tantos planetas, poderia existir uma espécie capaz de ser tão cruel assim?
Fim
O deputado que até então sorria, ficou paralisado. Pensou não ter entendido.
-Veja – disse o anjo juiz entregando-lhe um livrinho – Sua vida é uma obra prima de maldades. Mas não se preocupe já pode ir beber seu champanhe, embora nunca ouvi falar que servem tal bebida no andar de baixo. Já coloquei minha assinatura no formulário, estás despachado.
-Mas eu tenho que voltar para o meu mundo? –disse o político aos gritos. - Onde está o seu chefe? Eu exijo voltar para o mundo dos vivos...
-Daqui não se volta excelência. Só segue adiante de acordo com as obras que se fez em vida.
-Um advogado! Qualquer tribunal descente tem que ter um advogado! Exijo um julgamento descente!
-Não tens direito a julgamento. O cartão preto que carregas afirma que já estás condenado. E com os crimes que consta em seu histórico, não encontrarás ninguém que o defenda.
-Sem problemas. Eu mesmo me defendo.
O anjo juiz pensou um pouco e disse.
-Se há algo que não existe no céu é injustiça. Deus nos livre de condená-lo injustamente. Que iniciemos o julgamento.
O deputado sentou-se na cadeira do réu.
-Primeira acusação: –disse o anjo – Desvio de cem mil reais dos fundos destinados à educação. O dinheiro foi usado para viagens no exterior com a família; Segunda acusação: desvio de duzentos mil reais das obras de pavimentação federal. O dinheiro foi usado na compra de carros de luxo...
-Não foi bem um desvio –interrompeu o deputado – Foi um complemento do salário. O que eu ganhava não estava cobrindo as despesas. Invisto muito do que tenho pelo bem do POVO.
-Claro! –disse o anjo – E imagine como vive um pobre que ganha doze vezes menos e nunca desviou um centavo ou "cruzeiro"; mas continuando... Desvio de duzentos e cinqüenta mil reais das verbas destinadas ao S.U.S.
-É melhor parar seu anjo... não precisa ler todas as acusações... Tudo o que eu fiz foi por um bem maior. Vendo minha família com conforto eu me inspiraria para criar um país melhor.
-E você conseguiu... O país está muito melhor em tudo de mal que existe. Não tenho mais nada a acrescentar. Seu julgamento está encerrado e a sentença não será revogada.
-Não seu anjo! Eu exijo falar com o seu superior... –protestou o deputado.
-Podem levá-lo –disse o juiz aos ajudantes. – Acho que não terá um banho de banheira, mas irá adorar a sauna.
A porta se abriu e o deputado viu as chamas de uma fornalha ardente.
Começou a espernear desesperado...mas de repente ....
Abriu os olhos. Ainda era de manhã. O dia estava amanhecendo. Tudo não passará de um pesadelo.
A esposa que estava ao seu lado perguntou:
-Tudo bem querido?
-Apenas um sonho estranho. Sonhei que eu era um deputado corrupto e que estava destruindo o país.
-Relaxa, querido. Essas coisas não acontecem aqui em Júpiter. Você tem sido o melhor governante que esse mundo já viu... Nosso povo não poderia ter uma vida melhor.
-Sim, querida! Mas esse sonho me fez pensar: em um universo com tantos planetas, poderia existir uma espécie capaz de ser tão cruel assim?
Fim