LAGRIMAS NO PAPEL
minha poesia é obscura obscena, mediocre , fala do meu amor , do meu ódio , da minha sede , meu corpo é santuario de pulgas , minha alma é socerdotiza da solidão , eu me atraio pelas almas frigidas , pela escuridão matinal no coração das mulheres desoladas , meu coração bate como bateria de heavy metal num passo acelerado , meu corpo não acompanha o seu compasso , ando nesse descompasso que parece infinito . 70% de mim é loucura , 20% é solidão , 9,9% amargura e 0,1% felicidade . faço minha matemática todos os dias distorcendo e torcendo os fatos . aquela velha historia de que alguns vivem felizes e outros apenas vivem é veridico . os contos de fadas foram apagados das minhas paginas , o final feliz é só uma lenda que minha mãe me contava antes de dormir . me contento aos passos descompassados de um coração desobediente . dobro esquinas como folhas de papel , corto as ruas como uma lamina afiada , em cada esquina há um coração partido , em cada rua que ando me apaixono por alguém diferente . em cada muro de esquina há uma frase suicida que ninguém lê , em cada meio fio das ruas há olhos lacrimejantes que ninguém vê , não sou excecão , me abdico das lagrimas em torno das palavras , as vezes a tinta da caneta borra a folha de papel , por que minhas palavras choram tudo que meus olhos insistem em guardar .
as ruas choram lagrimas que ninguém vê