AMAZONA OU VALQUÍRIA?

Certamente elas já se conheciam. Talvez Amarylis tivesse estado entre elas há muito tempo atrás.

As mais novas não lembravam daquele rosto, que para Mirthes era tão familiar...

Tomaram como uma ameaça ao clã.

Mas, foram as mais velhas que deram cabo de sua vida, pela segunda vez...

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Numa floresta em algum canto europeu, Mirthes, a grande chefe guerreira, encontra Amarylis:

Esta, amarrada nas mãos, atordoada e com a roupa quase totalmente rasgada, sendo levada por dois homens estrangeiros.

Ao depararem com a chefe das guerreiras, eles instintivamente recuam, pois sabem: O final seria trágico para qualquer homem que estivesse em seu caminho!

Somem floresta adentro, deixando Amarylis caída no chão.

Mirthes ao olhar para o rosto da jovem que está em sua frente, a reconhece de imediato...

Mas, como poderia ser isso, se a sacerdotisa estava morta já havia vários anos?

Mirthes a ajudou para que se pusesse em pé e cortou as cordas que amarravam e marcavam seus pulsos.

Sem perguntar nada, a levou para o acampamento das guerreiras.

Percebeu que não poderia ser a mesma pessoa que vira morrer, e sim uma reencarnação daquela por quem teve tanto apreço em um passado até então esquecido...

Imediatamente relembra de tudo, nos recantos da mente, como um filme passado em tempos atuais:

Eram amigas inseparáveis...

A Amarylis do passado, fora morta pelas guerreiras do clã, pois deserção, era crime sem perdão, entre elas!

A paixão desenfreada por um homem, levou a sacerdotisa a deixar suas companheiras de guerra, tribulações, labores e também alegrias e festividades.

Homens era tidos como seres inferiores e só lhes serviam para a procriação.

Que 'feitiço' então, levou a sacerdotisa a entregar seu corpo, mente e coração daquela forma?

Ninguém sabia. Fato é que nunca a perdoaram.

E quando ela viu-se de volta ao clã, foi recebida com lanças afiadas, que lhe penetraram a carne sem dó.

Mirthes nada pode fazer em seu socorro e defesa: A lei das guerreiras era implacável quanto à traição dos costumes.

Dessa forma, viu sua maior amiga perecer ensanguentada.

Quantos anos se passaram desde essa trágica lembrança, ela não sabia ao certo.

Mas, a Amarylis atual, sabia que seria hostilizada novamente, como que um pressentimento dentro do mais íntimo de sua alma...

Acontecendo o mesmo final da encarnação anterior, pois as poucas guerreiras já de meia idade ou mais, que se lembravam daquele rosto, trataram de matá-la sem dar-lhe a chance de dizer porquê voltara ali...

Em seu último suspiro, Amarylis deu a Mirthes, o cordão que trazia no pescoço:

Lindo medalhão, com uma lua e um sol em alto relevo, e que se abria, contendo um segredo...

Até aquele momento, Mirthes não imaginava qual seria o segredo...

De súbito, inspirada pela deusa Diana dos romanos e Freya do nórdicos, ela soube o que aquilo significava...

Então, carrega o corpo sem vida de Amarylis e o deposita sobre uma pedra que as guerreiras usavam como altar, quando traziam frutas e flores para oferecer aos deuses.

As guerreiras seguem-na curiosas. Principalmente as mais jovens que não conheciam aquela estranha...

Mirthes volta-se para as companheiras do clã e diz:

_ Hoje cometeram grande erro, minhas irmãs! Esta que aqui veio, era uma musa.

Pois no seu desespero de morte, deu-me sua maior joia:

A lua e o sol, medalhão concedido aos deuses para sua musas.

Fora feita prisioneira pelos homens estrangeiros, que na floresta, mantém um acampamento.

Eu a salvei e trazia para ficar entre nós. Que seria um júbilo!

Mas, em sua gana violenta, não quiseram saber de quem se tratava!

De hoje em diante, ficará aqui coberta por recipiente de cristal, mumificada, como nossa musa mártir, inspiradora da TOLERÂNCIA.

Que lhes sirva de exemplo, antes de hostilizar outra pessoa dessa forma....

Dessa forma, as guerreiras viram o ato violento que cometeram e se desfazendo em arrependimento seguido de lágrimas, colheram as flores mais lindas do local e depositaram sobre a musa, que já recebera então todas as homenagens que lhe cabia como mártir.

Desse dia em diante, fora comprovada a reencarnação de uma guerreira que voltava a seu povo, pelos desígnios do Alto.

Fora levada ali, mesmo que pelo 'falso acaso', somente para dar o perdão aquelas que em outra vida, a haviam lhe assassinado...

O mesmo destino no entanto, deu cabo de sua vida.

Porém, dessa vez, ela sentia o coração apaziguado pelo perdão, que deu depois de seu desencarne, às suas algozes.

E a certeza que o exemplo que dera seria seguido. A tolerância e o perdão, passaram a fazer parte daquele clã de mulheres guerreiras.

Tudo tem um porquê de acontecer...

FÁTIMA ABREU FATUQUINHA

Fátima Abreu Fatuquinha
Enviado por Fátima Abreu Fatuquinha em 10/07/2015
Reeditado em 04/10/2015
Código do texto: T5306734
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