Paixão

Paixão

Tudo começou aquela tarde no shopping. Ela passeava com uma amiga. Matava o tempo em seu hobby favorito: fazer compras. Entediada com a vida, aborrecida com a mesmice rotineira de seu horizonte fixo, e cansada de seu destino inerte e, ela comprava, comprava, comprava.

Sentia certa alegria ao consumir cada vez mais. De repente, do outro lado, ela viu além do vidro da vitrine da loja. Lá estava a perfeição. Era simplesmente lindo, não teve dúvidas, estava definitivamente apaixonada de uma forma tão fulminante, que chegou a sentir um zumbido nos ouvidos. Não perdeu tempo foi até ele. Foram poucos minutos e já estavam íntimos.

Do shopping para a casa dela foi uma rápida corrida de táxi. Sentada na beira da cama, ela provava as delícias de sua forma clássica, elegante, fina. Era uma maravilha. Pensava em êxtase, como não o havia encontrado antes.

Ele retribuía todas as carícias dela, imaginando jamais ter sentido pele mais aveludada e macia, curvas tão bem desenhadas em pernas tão carnudas. Verdadeiro festival de prazeres entre eles. Formavam o encaixe perfeito. E foram felizes em todos os encontros até que um dia a princesa entediada o trocou por outro. Ele sentiu-se triste deprimido e rejeitado. Um absurdo! Ela que lhe dera provas do maior amor do mundo. De repente, o abandonara em um canto escuro do quarto da empregada. Certamente trocava beijos e carícias com o outro em seu quarto.

De repente a luz foi acesa, a empregada entrou e o viu no ali no canto. Exclamou: - Que maravilha! São lindos! Um novo par de sapatos para meus pés tão cansados. Era sábado, ela foi com ele para o baile, dançou a noite inteira e pensou consigo mesma: “Sempre existe um par de sapatos velhos para pés descalços”.

Aradia Rhianon
Enviado por Aradia Rhianon em 13/06/2015
Código do texto: T5275918
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