Der Kuss
Era tarde da noite. Decidi fechar meus olhos, depois de completar as reflexões diárias que acontecem independentemente da minha vontade.
Pouco me importava. Sentia que não tinha como viver querendo controlar o involuntário.
Liberdade, vazio, obsessão, vida calma, pressão, alienação, caos, novos ares, perdas, objetivos, esperanças...
Essas e outras palavras surgiam na minha cabeça enquanto uma imagem grotesca se formava.
Uma enorme criatura, fruto da combinação de todas meninas que eu já desejei.
tentei considerar todas as possibilidades e acumulei muitos anseios por todos esses rostos. Mas como em um jogo de Tetris, uma hora o "espaço" simplesmente acaba se você não se livra de peças no caminho.
Videogames? Helena.
Sempre quis tranquilidade, mas abdicaria dela por um amor infelizmente só meu. Vá entender.
Falar com essa palavra, amor, soa insano para qualquer pessoa próxima a mim com quem eu já conversei dela. Eu a conheço desde os seis anos, e não consigo falar com ela desde nove anos atrás. Minhas tentativas recentes foram simplesmente ignoradas.
"Tu te tornas eternamente trouxa pela esperança que cultivas". Compartilhei isso no Facebook outro dia. Adivinha quem foi a única pessoa que curtiu? Pois é.
Enfim, voltando. Foi a primeira e a única menina com a qual eu tive algo totalmente platônico mas ainda tão presente e profundo em mim.
Ela foi a única que eu quis muito namorar e não consegui nem chegar perto.
Giulia, Larissa, Bianca, Mayara... Elas também estavam presente naquela colagem totalmente inexplicável em imagens que se formava dentro do meu coração. Mas não se igualavam, nem em sua totalidade, à grandeza do que eu desenvolvi por um só nome. Helena.
Quando finalmente veio então, uma outra pessoa e aos poucos me conquistou tanto quanto ela, essa mesma pessoa me desmoronou várias vezes em pouco tempo. Nem tudo que reluz é ouro.
Com tudo isso guardado em mim, e de todo coração, uma vez tomei coragem, e fui tentar uma primeira conversa. Falhou miseravelmente.
E assim segue... e a primeira interpretação que me vem à mente é:
Agora vou ter que viver num plano B.
Talvez me leve a alguém mais interessante para mim, mas tudo que eu consigo sentir é o presente.
O presente, que na verdade é passado. E que você considerará futuro o fim desse texto, mas eventualmente será o presente.
Deixar ao tempo decidir parece utópico demais pra alguém com tanta ansiedade quanto eu, e encontrar esses dias a Nicolly só me atingiu mais.
Nicolly, um nome novo nesses pensamentos.
Nunca soube exatamente se deveria tentar voltar a falar com ela para ser um amigo, ficante, namorado...
Porque eu sentia por ela uma atração, sem dúvida. Mas ela ressurgir, depois de tanto tempo, é quase inimaginável. E aconteceu.
Mas como? Eu nem sei como ela é hoje em dia, nem ela sabe muito de mim. Aliás, certeza que nem passa pela cabeça dela esse meu interesse.
Mas meu coração esperançoso, mesmo com todas as recaídas, inseguranças e improbabilidades, era ela o pensamento do fim do dia. Era ela a única que restou de toda aquela figura enorme, mesmo sem eu reparar. Já não tinha mais ninguém.
E como não posso deixar de ser cordial, nesse momento tudo que poderia acontecer é simples:
O beijo.
E então acordo.