O RIO POTENGI AO POR DO SOL

O RIO POTENGI AO POR DO SOL

Jamais havia me imaginado assistindo o por do sol às margens do rio Potengi, ao som do bolero de Ravel. A música e a paisagem transportaram-me para outra dimensão. Ali, nada fazia sentido. Tudo ao meu redor era ignorado. Nem mesmo a visão dos pequenos barcos chegando do alto mar de volta ao continente com seus pescados, exibindo suas pequenas velas içadas, deslizando suavemente no leito do rio, promovia encantamento. De repente, algo, além dos meus olhos físicos, tomava lugar à cena. Assim, pude enxergar os tépidos raios solares, os últimos daquele dia, refletindo nas águas mansas e claras da desembocadura daquele afluente. Fundiam-se com os inebriantes acordes de um saxofone tenor. Mais uma vez, um instante a visão transcendental bloqueia meus olhos. Um sentimento indizível. Não sei dizer por quanto tempo permaneci nesse estado.

Como que acordando de um sonho vejo a escuridão, gradualmente, tomando conta da paisagem. Mas a lembrança daquele momento fantástico continua vívida. Meditei. Aqueles instantes bem que poderiam ser compartilhados com alguém, ao meu lado, mesmo sem contato físico; viajando através da imaginação para além das fronteiras do consciente; numa sintonia capaz de vivenciarmos as mesmas sensações de paz e harmonia com o Universo. Pensei. Um dia, quem sabe, voltarei a este local encantado, dessa vez, na companhia de quem tanto espero, para que possamos participar das belezas imaginadas que o pensamento nos conduz. Certamente, a lei de atração operaria em nosso favor liberando fluxo de energia vital que dimana dos pensamentos sublimes plasmados no éter, para alimentar almas que se amam, e precisam ter seus corpos físicos fortalecidos em razão dos desgastes diários. Assim, os problemas cotidianos seriam minimizados e as almas em processo de evolução seguiriam seu curso.

Agora em vigília, sonho. E ninguém, jamais, me impede de sonhar. Sou livre e o meu pensamento alça voos além da imaginação dos que permanecem com os olhos fincados no solo.

valano

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Enviado por valano em 20/04/2015
Reeditado em 14/09/2021
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