Ela está viva mesmo ?!
Bruno está completamente fora da realidade... Estará mesmo?!
Estava até acostumado com coisas e situações estranhas... Assim nascera também... num cinema, durante um filme de terror: "O filho da Terra"... sua jovem mãe, além de hippie - anos setenta - simplesmente amava filmes e livros de terror ou gibis com tolos astronautas. Era, ainda uma menina (13 anos), quando ele chegou a esse estranho planeta lindo e esquisito...
Pai?!! Sabia lá o que significava e pra que servia... bastava sua doce e colorida mãezinha mandona, gritante, mas carinhosa e cigana, pois estavam sempre mudando de casas, lugares e estados...
Vivia assim com ela há treze anos - sua recente idade - fizera aniversário ontem!
Como mais uma surpresa - essa de aniversário - mudaram-se de bairro e, pela primeira vez, sua mãe garantira, que lá permaneceriam definitivamente, pois ela comprara aquela casa...
Credo! A princípio ficara assustado com a aparência antiga e poderosa daquela casa! Era bonita e assustadora...
Segundo sua mãe, lá seriam felizes e tranquilos, mas ele, não conseguia explicar a ela o que estava sentindo - medo, ansiedade, felicidade ou esperanças novas...
Seu corpo estava trêmulo e indefeso, quando colocou os pés, pela primeira vez, naquele novo lar...
O que estava sentindo era 'inenarravel'... temor?! alegria?!
Sentia que já conhecia aquele 'espaçolar'... sentia que estava sendo observado por todos: janelas, portas, chão, paredes... pias... luzes - que iniciaram um 'baile de cores', se acendiam e se apagavam!!
Olhou para mãe, esperando qualquer comentário sobre aquilo, que já o impressionara... Mas nada! só ele viu aquilo. Sentiu um temor...
A casa ainda estava vazia, mas bonita e dominadora...
O que acontecia com seus sentimentos, ele não sabia explicar...
Já vivera lá? Quando? Fora feliz ou não?
Estava completamente imobilizado, no grande meio daquela sala social... Por quê?!!
Não via ninguém, mas percebia vultos, movimentos suaves dos móveis e objetos, ondulações das paredes e o pior: sons, cochichos e sensações de leves toques físicos, mãos suaves...
Bruno berrou pela mãe:
- Mãe, está vendo e sentindo e ouvindo o que eu estou, hein?!
- Quero ir embora, existem coisas ruins aqui dentro! Está cheio de sons
sombras e toques arrepiantes!!! Vamos embora, mãe, vamos?!
A mãe olhou bem para o filho e disse categoricamente:
- Esqueça isso! Aqui ficaremos para sempre. Essa casa foi uma pechincha e, mesmo assim, deixou-nos completamente duros!
Bruno olhou-a assutadoramente e disse:
-Por que pechincha? Ela está horrível, já me sinto mal , aqui dentro!!
Ela olhou, sem nenhuma preocupação pelo estado do filho e confessou a ele:
- Esta casa está isolada e vazia há vinte anos, porém parece que é constantemente renovada pelo ex-proprietário, no entanto isso não ocorre, pois só é consertada pela imobiliária, mas... está sempre pronta para os novos moradores.
Ela pertenceu a uma única família de vinte e cinco pessoas, que se amavam...
Dizem, que todos se suicidaram, quando morreu o velho patriarca...
HOJE ELA É NOSSA, FILHO, ANIME-SE!!
Bruno constatou que não deveria mais falar sobre suas visões e novos sustos...
Disse para si mesmo, num leve cochicho:
- ELA ESTÁ VIVA MESMO??!!!
Thera Lobo (abril 2015)