O GRANDE BAILE!

De fonte Wikipédia, no GOOGLE, fui buscar:

Semáforo (também conhecido popularmente como sinal, sinaleira e farol (português brasileiro) ou sinal luminoso (português europeu)) é um instrumento utilizado para controlar o tráfego de veículos e de pedestres (português brasileiro) ou peões (português europeu) nas grandes cidades em quase todo o mundo. Utiliza uma linguagem simples e por isso de fácil assimilação. É composto geralmente por três círculos de luzes coloridas.

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A Deusa da Paz, Eirene, também conhecida por Irina, na mitologia grega, é uma das Horas (Hôrai, em grego antigo, significava, estação), divindades que se caracterizavam por personificar alguns períodos de tempo. A paz era, então, considerada, entre os gregos, como algo passageiro, temporário.

Segundo a Teogonia do mitógrafo Hesíodo, era filha de Zeus com sua segunda esposa Themis, irmã de Eunomia, a Ordem ou Disciplina, e Diké ou Dice, a Justiça. O trio de irmãs formava uma trindade de divindades que, na Grécia, personificavam o ano e as estações, protetoras das plantas jovens e da infância e da juventude. Juntas, garantiam a boa ordem da natureza e das coisas humanas. Elas compunham um grupo de divindades de menor hierarquia que integravam o séquito de Afrodite, a deusa da beleza e do amor, uma das doze divindades gregas do Olimpo.

Eirene era a personificação da paz para os gregos e romanos. Ela era venerada em Atenas desde o tempo dos sofistas (374 a. C.), quando os atenienses firmaram paz com os espartanos. A deusa Pax, para os romanos, era uma bela jovem, com sua cornucópia com frutos, mas era sempre representada com um cetro em suas mãos, que representava sua soberania. Também a representação artística da deusa com o garoto Pluto nos braços ficou especialmente famosa. Na literatura grega, o texto que melhor expressou esta deusa foi A Paz, uma comédia de Aristófanes.

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Hora do rush normal em determinados horários nas grandes metrópoles e, quiçá, ultimamente até em cidades que não tem porte tão grande assim.

Silêncio inexistente em virtude do excesso de buzinas, freadas, xingamentos, carros de som, autofalantes colocados em fachadas de lojas, sirenes de ambulâncias, corpo de bombeiros, policias militar e civil, apitos dos guardas de trânsito, que recheiam os cofres públicos multando os ‘supostos’ infratores que avançam pelo sinal vermelho, utilizam celular ao volante, estão sem o devido cinto de segurança, dirigem com o braço pelo lado de fora da janela ostentando um cigarro pendurado, param em local proibido, executam conversões proibidas e manobras arriscadas...

Imiscuído nesta autêntica guerra no asfalto, Zebedeu tentava, na medida do possível, fugir da tensão captável no próprio ambiente e até mesmo no ar sintonizando emissora popular de sua preferência, que primava em executar canções de seu agrado, constantes do cancioneiro popular, sendo que nos intervalos entre as execuções, dava noticias acerca da evolução do trânsito nos principais corredores da cidade.

Amante do cancioneiro considerado brega por aqueles que se julgavam um tanto quanto mais elitizado em suas escolhas musicais, Zebedeu conseguia por vezes ‘adentrar’ pelo conteúdo da letra, interpretação e sentimentos exalados pela veiculação! Não era incomum, ver-se flagrado pelo veículo que estava ao seu lado, batucando sobre o volante e até mesmo sobre o painel, enquanto entoava versos que o ‘ganhavam’ na canção; Por vezes, exagerava até simulando movimentos corpóreos simulando dança que ia de encontro ao que também transmitia a canção! Por vezes provocava risos, por vezes provocava dizeres de galhofa por parte daqueles que o assistiam, porém até recebia alguns aplausos que não se preocupava em discernir se de escárnio ou admiração daqueles que o assistiam!

Em um cruzamento com uma via principal, deparou-se com o semáforo vermelho e suavemente parou, obedecendo à faixa de pedestres, haja vista estar como primeiro da longa fila de veículos que o sucedia...

Estava assim, absorto em seus pensamentos quando a viu aproximar-se... A ‘sofrida’ entregadora de panfletos nos faróis aproximou-se, desenxabida em sua corriqueira insignificância, sempre circulando entre ‘stressados’ motoristas que, quase sempre, nem se dignavam a lançar-lhe um simples olhar, outros permanecendo com os vidros dos veículos fechados, outros somente fazendo-lhe ligeiro sinal dispensando sua oferta...

Zebedeu sorriu estendendo a mão para receber a oferenda...

Neste exato momento, iniciou-se a execução radiofônica de uma música que, literalmente, mexia com seus sentimentos e que lhe era quase impossível ficar indiferente. Num repente, abriu a porta de seu carro e aproximou-se da entregadora de panfletos que, sem sobressalto aparente apenas o fitou.

Há pouca distância de moça, Zebedeu executou uma mesura, digna de cumprimento real e sussurrou:

--- A jovem poderia conceder-me esta contradança?

Com um tímido sorriso, a jovem acedeu.

Observados por pares, solitários motoristas de ambos os sexos e até por três ou mais ocupantes dos veículos parados no vermelho, Zebedeu e sua partner iniciaram o seu bailado!

Incrédulos alguns motoristas até iniciaram um buzinaço, outros galhofavam e outros até sorriam com a inusitada cena.

Totalmente enlevado pelo som da música que emanava do rádio de seu veículo, Zebedeu conduzia com maestria sua parceira sobre a desnivelada calçada que lhes servia de pista!

Um casal que estava no veículo parado logo atrás o veículo de Zebedeu, num repente, saiu e se dirigiu também para a improvisada pista de dança e iniciaram um cadenciado movimento ao som daquela canção! E logo outros, talvez motivados pela coragem do segundo casal, também aderiram e em breve o que se via era um grande baile sendo realizado naquele semáforo, que além do seu tempo normal, prosseguia vermelha e com um piscar intermitente, denotando estar apresentando algum problema de funcionamento.

Em seus semblantes, Zebedeu e sua partner, demonstravam toda a satisfação e enlevo pela participação e pela aderência dos outros casais.

Os demais ocupantes dos veículos que seguiam parados no cruzamento não mais buzinavam e nem protestavam pelo tempo que estavam por ali. A grande maioria, com a face iluminada por um sorriso, observava o grande baile e meneavam a cabeça em gesto de aprovação. Os poucos que mantinham o seu inconformismo, quedavam-se em silêncio, sem deixar de observar a grande demonstração de civilismo que naquele sinal fechado era executada!

Como num repente de mágica, a música finalizou e o semáforo reiniciou seu funcionamento normal, passando para o amarelo. Coincidentemente, como coisa do destino, a execução da canção motivadora veiculada no rádio do carro de Zebedeu também se encerrou.

Os casais que haviam rodopiado e demonstrado seus dotes de bailarinos interromperam seu bailado e alguns beijaram com elegância a mão de sua partner, imitando o gesto primeiro de Zebedeu. Outros preferiram reverenciar a parceira e alguns, mais afoito, optaram por beijá-las!

Encaminharam-se rapidamente para os seus veículos, recebendo aplausos daqueles que não se aventuraram em participar do Grande Baile ao ar livre. Por incrível coincidência (ou defeito no sistema...), o amarelo permaneceu estampado no semáforo até que todos os bailarinos adentrassem seus veículos e se posicionassem adequadamente para a partida!

Como estava bem próximo o seu veiculo, ainda deu tempo para que Zebedeu colhesse de um buquê de rosas que havia comprado para oferecer em oferenda à sua esposa quando em casa chegasse que repousava tranquilamente no banco do carona, uma delas e voltando-se para a humilde entregadora de panfletos, que o olhava com admiração e com um sorriso emoldurando sua sofrida face, fez uma reverência digna de uma majestade e ofertou-lhe a rosa colhida, en passant, indagando-lhe seu nome.

Dirigiu-se rapidamente de volta ao veículo e enquanto engatava a primeira marcha do seu veiculo para ultrapassar o semáforo que agora já apresentava o sinal verde ainda observou o ósculo que sua parceira de bailado depositou na rosa recebida e seus olhos marejados denotando intensa felicidade!

Dada a largada em busca de seus lares após suas lida diária, sem qualquer buzinaço ou sintomas de irritação, os motoristas, sem exceção, com ar satisfeito retomaram seu destino traçado!

Ao longe, Zebedeu, trazida pelo vento, sua resposta:

--- Eirene! Meu nome é Eirene!