Eu Vendo Almas...

Meu nome é Rita, moro em Fero. Caso você não saiba onde é isso, bom, é o planeta mais violento e sangrento da orbita do Sol mais distante da Via Láctea. Somos raivosos demais (apesar de existir algumas "Marias Choronas", que vieram para cá obrigadas).

Outra coisa, a Terra não é mais a mesma. Lá só existem mulheres grávidas que vão para lá para terem seus filhos em paz.

Saturno é o planeta das corridas, são as melhores e vários corredores competem em seus anéis. Na minha opinião, isso é incrível.

Mercúrio é o planeta com mais spas que se pode imaginar, por causa da trágica diminuição do grande Sol, é o melhor planeta para se bronzear sem ser "fritado". Eu acho isso uma bobagem.

Urano, na minha opinião, tem os melhores picolés e sorvetes de todo o universo.

A lua, por sua vez, tem as melhores fazendas e lá produzem os melhores laticínios.

Marte é o planeta das cores, das tintas, dos pintores e sonhadores. Existem parques dos quais as pessoas vão passear com seus animais e et’s de estimação.

Na Terra moram apenas crianças até 12 anos e as enfermeiras e médicos de parto.

Netuno abriga os loucos, os quase loucos e todos os personagens de folclore que se pode imaginar.

Vênus é o planeta dos famosos, sejam eles atores, escritores, cantores e professores, talvez você esteja pensando: "Professores?". E eu te digo: "é... professores". Eles se tornaram pessoas famosíssimas, a educação se tornou uma das coisas que as pessoas mais admiram.

Júpiter é o planeta dos Deuses, sejam eles de qualquer religião, sejam grandes ou pequenos, eles estão todos lá e, por incrível que pareça, eles tem uma aliança forte entre si.

Os outros planetas são cada um para a profissão que você escolher.

Agora, deve estar se perguntando: “E o pequeno Plutão?". Sim, o Plutão. Ele é o maior planeta de todo o grande universo. Em muitos e muitos anos ele foi juntando muita e muita massa, é o planeta das faculdades, é a etapa mais importante da nossa vida, é onde você escolhe o que vai ser de sua vida.

Eu fiz a escolha de ser matadora de almas, não pense que eu mato pessoas ou et's, eu não... Nem pense nisso... Que horror... Bom, pode ser que o nome seja matadora, (quase todo mundo pensa que eu mato gente) mas eu apenas colho almas. É sim, eu disse que era o planeta mais sangrento e violento e ele é. As almas sangram para todos os lados. E nós brigamos por almas, por isso que é violento.

Talvez, ache estranho, mas meu jardim é um cemitério, aliás, muito bonito, mas não é um cemitério de corpos, e sim de almas.

Não que eu gosto que as pessoas e et’s morram, mas meu trabalho é legal, consigo conhecer cada planeta. É óbvio que os seres não morrem apenas no meu planeta, eles também morrem nos outros, e assim eu posso conhecê-los e aproveitar um pouco de cada um.

Um dia, eu e minha amiga Les, fomos no aniversário do Vampirato (uma mistura de vampiro, ratos e piratas). Bom, estava tudo normal, até que eu vi uma alma e comecei a caçá-la. Os outros convidados acharam estranho, pois eles eram de Netuno e lá raramente se caçam almas, os personagens de folclore raramente morrem. Eu percebi que uma Vampirete veio correndo atrás de mim e é óbvio que arranjei briga com ela. De repente, todos os convidados começaram a brigar entre si, como se por mágica eu tivesse feito aquilo por causa da briga com a Vampirete. Aí, por intervenção de um espirito maligno, um dragão preto e verde apareceu e engoliu a Vampirete. Eu corri e escapei por pouco. Avistei uma caverna e corri para dentro dela. O dragão sumiu, mas... A caverna começou a se mexer. Então eu gritei:

- Pare! Socorro! Eu trabalho com almas, talvez você precise de uma!

Então, de repente, uma voz perguntou:

- Vende alma?

- Não, não vendo, apenas caço. – respondi.

- Vende pra mim?

- Bom, depende - disse eu - de quem? Por quanto?

- A alma de Lorieine! Por quanto você desejar.

Lorieine não estava morta, ela era a Capa Preta de Cantos da Morte, simplificando, era rainha, comandante de Cantos de Morte, a parte mais doida de Fero. Eu teria que matar Lorieine, pegar sua alma, mas com todos os M.S. (Monstros Sombrios) me vigiando a cada passo meu. Então perguntei:

- Quer que eu a mate?

- Não, quero que vá lá e se torne amiga dela. - disse a voz com muita ironia - Sua besta! É claro que quero que a mate!

- Tudo bem, mas o pagamento vai ficar difícil para você. - eu sabia que se não aceitasse, a caverna me engoliria naquele momento. - Quero como pagamento, ser lembrada de algum modo, pelas pessoas que ainda virão para este planeta.

- Bom, como é seu nome?

- Rita, meu nome é Rita. - respondi.

- Poderosa Rita, não basta ser lembrada como matadora da alma mais esplêndida de Fero? Não basta?

- Sim, é ótimo, mas eu quero algo a mais, talvez um poder maior, como dona dos ventos, Srta. da Morte e rainha de Fero, e que mandasse eternamente em Cantos da Morte, principalmente nos súditos da Capa Preta. Queria tomar o lugar de Lorieine.

Eu não percebia, mas estava ficando egoísta, estava perdendo a humildade. Estava desafiando a mim mesma.

Naquele momento, pétalas de rosas caíram sobre mim, de todas as cores, todos os cheiros e jeitos.

- Será feito o seu pedido Poderosa Rita. Mas antes não se esqueça da sua parte do trato.

Saí da caverna direto para minha casa. Peguei o que precisava e saí em busca de Cantos da morte, atrás de Lorieine.

Andei por dias e noites, sol e chuva, calor o frio, nada me atrapalhava.

Até chegar ao meu destino.

Avistei um portão negro com brilho prata e duas azas cinzas. Nada mais nada menos que o portão de Cantos da Morte.

Havia peixes voadores escorrendo sangue. Flores carnívoras devorando corações que serviam como fonte de energia. Havia também, pavões coloridos e ferozes, pessoas enforcadas e monstros condenando-as a morte.

Vi um grande castelo azul marinho, com uma grande porta roxo-escura, que por minha sorte estava aberta. Entrei.

No alto de uma grande pedra cinza, havia um trono pink e uma manta rosa bebê. Estava sentada nele uma mulher esbelta, loira de olhos azuis profundos, lábios com batom super vermelho e um vestido branco com muito brilho, detalhes em renda de teias de aranhas.

Havia dois M.S. de guarda, um de cada lado do trono. Então a mulher me dirigiu um sorriso um pouco falso.

- Olá minha jovem, já conhece Cantos? Não? Então meus guardas vão encaminha-la.

Olhei-a com desprezo.

- Não preciso andar por aí como uma garota mimada como você!

- Acho que você disse isso sem pensar, não é minha querida? - sorriu-me - Como é seu nome?

- Rita, Rita Válenci - falei com os olhos vidrados nela.

- Não sei por que, mas não gosto do seu nome, nem tão pouco de você garota!

Agora ela estava com os olhos vermelhos, seu sorriso havia desaparecido, seu vestido estava preto e sua pele estava cinza.

- Não gosto mais da sua aparência coisa feia - falei - preferia antes - tirei uma flecha de minha bolsa, espere, eu não tinha flecha alguma, havia aparecido em minha bolsa, e em minha mão havia um arco. - vai vir lutar hein?

Ela fez uma cara feia e partiu para cima de mim.

Por um momento senti meu pescoço queimar, algo me atingira, doía e sangrava muito. A dor passou para o meu ombro e latejava. Tomei coragem e acertei uma flechada em um dos olhos de Lorieine, ela gritou de dor, atirei outra flecha, essa acertou seu braço, atirei outra que finalmente acartou seu peito. Ela caiu.

Após isso, meu pescoço e meu ombro pararam de doer, senti-me mais forte.

Atirei em todos os M.S. matei todos eles. Sangravam algo verde, como sangue de lesma.

Passei a mão em meu rosto, achei que tivesse me machucado. Errei, estava chorando sangue.

Então, percebi o que havia feito, tinha matado Lorieine, matado todos os M.S., eu havia me tornado um monstro. Meu coração doeu.

Gritei muito, mas muito mesmo, não sei se era de dor, de arrependimento ou para alguém me escutar.

Até que vi uma luz. Da luz surgiu um homem, forte, elegante e bonito. Estava na posição de uma múmia, como se estivesse abraçando alguém.

- Eu sou Silvel, o mensageiro, contador de histórias, Oráculo de profecias e pelo jeito seu salvador.

- O que quis dizer com meu salvador? - perguntei.

- Não percebeu que virou um monstro. Algo maligno está dentro de você, sabe como é o nome disto?

- Não, não faço a mínima ideia. - respondi.

- Vou lhe contar uma história: “Há muito tempo, muito tempo mesmo, você deve saber que as pessoas moravam apenas na Terra e os monstros viviam escondidos em Marte. Quando a Terra descobriu que os monstros existiam, ela se confraternizou com eles e fizeram um grupo, do qual, os integrantes diziam que tipo de pessoa deveria comandar cada mundo e a pessoa com mais sabedoria deveria comandar Fero”.

- Essa história, todos aprendemos quando crianças. - falei.

- Sei, mas, você acha que tens a maior sabedoria?

- Hum... Não. - respondi - é claro que não.

- Errou! Você tem a maior sabedoria, porque foi a única que percebeu que Lorieine era má.

- Mas foi uma caverna que pediu que eu fizesse isso.

- A caverna sou eu e você acha que se você não acreditasse nisso, teria vindo aqui e feito o que fez? Você não esta nem um pouco errada. Seja feita rainha de Fero.

Nesse momento algo brilhou em cima de minha cabeça, uma coroa, estava vestindo um vestido verde e branco. Meu cabelo estava preso em uma trança lateral, eu estava... Como posso dizer... Linda! Meu coração parou de doer, senti-me mais leve, como se todos os meus pecados tivessem sido perdoados. Abri um grande sorriso, lembrei-me que havia cobiçado o lugar de Lorieine, mas se eu realmente deveria estar ali, que assim fosse feito.

Ao fim, matei Lorieine, acabei com seus monstros, aliviei-me dos horrores que pensava que havia feito, tornei-me uma boa rainha, aprendi a não levar ninguém ao mau caminho.

FIM.

Kai Czornei
Enviado por Kai Czornei em 20/03/2015
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