Amor de outra dimensão... (EC-1)
Em tempos de intensa angústia, torna-se normal para o ser humano dito racional, defrontar-se com dilemas que tenta, por vezes de maneira equivocada, solucionar a seu modo!
Há várias formas de procedimentos, o que é muito normal, dentre os angustiados, que norteiam a maneira como se procurar safar-se do angustiante problema.
Como sempre ocorre atualmente, quando estou ‘angustiado’ querendo saber exatamente o significado de certas palavras, expressões, etc., recorro ao Dr. Google onde sempre obtenho razoáveis respostas às minhas dúvidas. Desta feita não foi diferente e lá fui eu em busca do significado do direcionamento que devo dar para desenvolver meu texto quinzenal. Eis o que encontrei: Significado de Angústia:
s.f. Ansiedade física acompanhada de opressão dolorosa: os estremecimentos da angústia.
Inquietude profunda que oprime o coração: uma angústia mortal.
Filosofia. Experiência metafísica, para os filósofos existencialistas, através da qual o homem toma consciência do ser. (Sin.: agonia, ansiedade, apreensão, aperto.).
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Apesar de viver uma vida razoavelmente tranquila, dentro dos padrões de normalidade que o povo adotou, como por exemplo, dizer: “Ainda bem que o ladrão somente levou meu carro, não fazendo nada comigo...”, Clarimundo não se sentia um homem que gozasse de total felicidade!
Já aposentado, casado há muito com sua primeira namorada, nutrindo por ela o mesmo amor como dos ‘primeiros tempos’ e acreditando que a recíproca também era verdadeira. Da sólida e aparente feliz união, foram agraciados com cinco filhos, a saber: Esmeralda (a primogênita), já casada e que tinha lhes dado três netinhos; Floriano (o segundinho...), também casado e separado, que tinha um único filho; Clotilde, solteira, que ainda residia com eles; Sidléia, que tinha uma união estável e era mãe de dois filhos e Pedro Rocha, o caçula, que assim como sonhava o pai que havia lhe dado o nome de um destacado astro de seu time do coração, estava atuando nas categorias de base daquela agremiação!
Embora que o percebido na aposentaria não fosse suficiente para arcar com todas as despesas mensais necessárias para manter um padrão razoável de vida familiar, contavam com o auxilio de Clotilde, que havia conseguido uma boa colocação e que percebia um salário razoável, possibilitando que também contribuísse para um bem estar da família. Clarimundo, por seu turno, também continuava a realizar trabalhos esporádicos de onde, por vezes, auferia bons rendimentos.
Momentos de extrema angustia e incerteza assolavam o seu ser, principalmente quando tinha seus momentos de solidão e seus pensamentos vagueavam por um passado não muito distante. Nutria um amor verdadeiro, sincero e sem deslizes com Sirlene, entretanto sentia que havia um ‘algo a mais’ que procurava e que não sabia efetivamente o que era...
Em seus devaneios, era a figura de Sirlene que desfilava perante seus olhos. No entanto, havia outro ‘vulto’ muito parecido com a esposa que também teimava em não sair dos seus pensamentos...
Clarimundo, constantemente fazia uma autocobrança do que poderia estar acontecendo em seu EU, sem no entanto chegar a qualquer conclusão!
Em transparência absoluta familiar, fez ver à amada esposa os conflitos internos que estava enfrentando, no que foi orientado por ela para procurar o auxilio de uma psicóloga, pois tinha absoluta certeza que obteria algum direcionamento para a sua angústia e seus questionamentos.
Em principio Clarimundo achou absurda a ideia! Ora, não ficaria gastando seus ‘minguados’ reais com algo que sabia ser absolutamente passageiro e que, em breve estaria perfeitamente sanado, fazendo parte de algo que, assim como chegou, rapidamente havia se desvanecido!
Porém, à medida que o tempo passava, mais e mais se sentia angustiado, o que estava visivelmente interferindo em seu relacionamento familiar e até em seu comportamento perante os eventuais clientes que esporadicamente solicitavam seus préstimos. Foi quando, ‘en passant’, em momento de total êxtase, acabou comentando o fato também com sua filha Clotilde, com quem sempre tivera uma total afinidade e por quem nutria um especial carinho, dentre todos os filhos que compunham a sua prole. Ficou surpreso ao obter da filha, o mesmo direcionamento que já lhe fora dado pela esposa. Chegou até indagar para a filha se ela havia ouvido alguma coisa por parte de sua mãe, sendo negado por ela.
Embora reticente, resolveu seguir as orientações que lhe foram dadas. Por indicação, marcou uma consulta com um jovem Psicólogo, Dr. Bartolomeu, que o atenderia já no mesmo dia, haja vista ter havido um cancelamento de consulta anteriormente marcada por outro paciente.
No horário especificado, encontrava-se na sala de espera do consultório, aguardando sua chamada, o que, felizmente, ocorreu com pouquíssimo atraso para o horário combinado. Logo que adentrou o consultório, foi tomado de uma gratuita empatia pelo jovem Doutor, que de forma extremamente simpática colocou-o perfeitamente à vontade, indo diretamente ao ponto, solicitando-lhe que lhe relatasse qual o mal que o estava afligindo.
Clarimundo, de forma eficiente e detalhada, delineou ao jovem todas as suas angústias e incertezas, não olvidando os eventos nos quais lhe parecia vislumbrar, competindo com sua amada esposa, outro vulto que com ela muito se parecia.
O jovem doutor ouviu pacientemente todo o relato de Clarimundo, indagando-lhe a seguir se ele professava alguma religião e se acreditava em reencarnação. Clarimundo enfaticamente, respondeu ao indagante que SIM, pois acredita que havia algo mais na vida humana além dos ossos que compunham nosso esqueleto, da carne que o recobria, dos músculos e ligamentos que uniam as estruturas, do sangue que me nos jorrava, etc.
O jovem Dr. Bartolomeu esboçou um leve sorriso, olhou fixamente para Clarimundo dizendo:
--- Pois é, Sr. Clarimundo! Nem vou precisar que o senhor retorne aqui comigo, haja vista estar apto para solucionar estes seus questionamentos, angústias, incertezas... Pode até ser que questione o que vou lhe dizer, no entanto, pelo seu relato, foi o que pude deduzir e vejo-me na obrigação de já lhe dar meu ponto de vista... Assim como o senhor, também acredito que após nosso passamento, esta ‘forma invisível’ que faz parte de nossa vida, interna a tudo o que relacionou que compõe nossa matéria por aqui, por razões que não sei precisar quais, retorna para o nosso meio e, por vezes, ‘retomando’ uma matéria que, coincidentemente, faz parte de um mesmo rol de relacionamento no qual figura uma matéria ocupada por outra ‘forma invisível’ que também fazia parte de seu relacionamento anterior. Não sei se estou sendo claro, e, por favor, peço-lhe que me indague quantas vezes se fizer necessário se não houver um perfeito entendimento. Independentemente de que não tenha sido suficientemente claro e antes que haja qualquer indagação de sua parte, vou tentar exemplificar o que ‘tentei’ dizer... rs ... Suponhamos que em encarnação passada, o senhor vivesse em uma família que contava com a senhora X, com a qual tivesse um afetivo relacionamento. Após o perecimento de ambos, sua ‘forma invisível’ retornou à vida terrena como Sr. Clarimundo! A ‘forma invisível’ da senhora X retornou para a vida terrena como a matéria que HOJE é a sua esposa!
O senhor afiança que enxerga em seus devaneios a figura de sua esposa e vulto que a ela muito se assemelha, não?
Muito atento, Clarimundo respondeu simplesmente:
--- Sim!
Com menear positivo de cabeça, o jovem doutor prosseguiu:
--- Pois bem, Sr. Clarimundo! A explicação mais plausível que tenho neste momento é que, a existência da ‘forma invisível’ que adotou a matéria de sua atual esposa, está se manifestando para a ‘forma invisível’ que o adotou! O mesmo não ocorre em contraponto, ou seja, a ‘sua forma invisível’ anterior que o adotou, não se manifestou para a matéria atual de sua esposa! O senhor conseguiu me entender?
Clarimundo, esboçando um leve sorriso, respondeu:
--- Lógico, doutor! Para mim ficou perfeitamente claro! Terei, então, de solicitar muita calma para minha ‘forma invisível’ atual, para que entenda as necessidades da ‘forma invisível’ que adotou minha Sirlene e haja com bastante paciência, não é mesmo?
Já se levantando, o jovem doutor estendeu a mão para Clarimundo, enfatizando:
--- Parabéns, senhor Clarimundo! Foi perfeito o seu entendimento... Sinto-me muito feliz por ter conseguido transmitir-lhe meus sentimentos! Agora só depende de sua atuação...
Clarimundo se levantou do assento e se aproximou do jovem doutor dizendo:
--- Posso dar-lhe um abraço? Sou-lhe muito grato por entender-me e dar-me o direcionamento de como posso prosseguir nesta minha vida, em harmonia, paz e congraçamento, tanto no ambiente familiar quanto com todos aqueles com os quais possuo algum tipo de relacionamento! Basta nos momentos de maior angústia que tiver, respirar profundamente e sussurrar: Calma Alma Minha, Calminha! Você Tem Muito que Aprender, agir e me ajudar!
Este texto faz parte do Exercício Criativo - E Eu Digo: Calma Alma Minha, Calminha! Você Tem Muito que Aprender.
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