Almas
Encontros
Dois espíritos flaps
Movem-se em torvelinhos
Em meio à brumas secas
Agitados em meio à uma dança síncrona
Divina e sensual
Dois espíritos ligados pela imatéria
Nessa dança apocalíptica patológica
Girando e remodelando o real e o surreal
É o acasalamento de energias que se repelem
Almas num frenesi cataclísmico
Desesperadas almejando contato
Vê-se sorrisos desformes
Ventres envolvidos por irradiações de pernas
Rostos acariciados por nuvens de braços e mãos
Vê-se presente o Amor aprisionado no olhar,
Encarcerado em gestos de prepotência e arrogância
Eterna luta de domínio e fascínio sobre o outro
Em determinado momento seus rostos param de
Se mover como se estivessem no olho do furacão.
Todo o resto gira num balé frenético
Mas seus olhos se encontram verdadeiramente
Com absoluta cumplicidade.
Toda ternura toma forma e a calma perdura um instante
O sublime amor se traduz neste momento.
Breve momento...
Um grito gutural e lacerante
E a expressão de horror em suas faces,
Ascendem qualquer compreensão.
Estas almas unidas pelo mais profundo amor,
Sem poderem se tocar durante toda a sua existência,
Acometidas pelo mais brutal sofrimento,
Alçam um voo vertical deixando aos seus pés uma malha,
Uma malha de rancores, desilusões, lamentos e lágrimas
Reiniciam sua dança, agora com movimentos de repulsa,
Raiva e desencanto, num apogeu de braços em forma de raios em choque.
Embate frontal.
A mesma energia que os repele, os atrai.
E o movimento circular se reinicia.
São duas almas perdidas
Que se acham
Mas não se tem
Se Amam
Mas não se tocam
Se odeiam
Mas não se desgrudam
Querem mas não podem
E seguem.
Amaldiçoadas, seguem nesta eterna luta.
Almas.
Marcelo Catunda (12/12/2014)