PARA QUE PORTA?

Alguém pendurou uma placa com os dizeres “AR CONDICIONADO”. Até aí tudo bem. Besta daquele que força a barra e tenta entrar por aquela porta. Explico. Na verdade verdadeira não é uma porta especificamente; tem as características, inclusive o trinco, que para muitos é maçaneta; tem uma tarja divisória, tipo dois lados, mas não tem fechadura e nem sinal desta. Numa tentativa vã de abrir aquela geringonça cairia no lugar comum de bater de frente com uma parede de vidro transparente.

Se a porta não está ali, tem que estar em algum lugar. Convenhamos que quem entra tem que sair, sendo o inverso não obrigatório, ou seja, quem está fora, não necessariamente tem que entrar.

Sendo a porta uma prerrogativa de uso do cidadão comum (não me venha com ETs, assombrações, fantasmas...), primeiro este deve localizá-la. Só que aqui neste interlúdio a referida porta ainda não foi encontrada. Á princípio pensou-se que fosse de vidro transparente, depois... Bem, depois inferimos um local ideal e dentro da lei, para a porta.

Vamos supor que ela esteja na parede á esquerda da suposta porta de vidro. Parece ser um lugar aprazível, sossegado e de fácil acesso, porém existe o inconveniente de que a parede é compacta, de tijolo e cimento, do piso ao teto.

Sem problemas... se não está á esquerda, não sejamos de direita radical, mas vamos lá... À direita nem tudo são benesses. Aparentando todas as facetas de um obstáculo, ali está encostado um móvel, que pode ser uma prateleira como um armário de madeira. Talvez com um atenuante natural de ser desmontável. Contudo ser desmontável não basta e nem facilita em nada a probabilidade de se ter uma porta ali.

Queimamos três cartuchos na tentativa de localizar uma mera porta num cômodo qualquer e quadrado (se retangular não faz diferença). Contrariando a lógica, partamos para a quarta e última opção... a parede do fundo. Decepção. Também nesta parede não existe uma porta.

Mas como? Se estamos do lado de dentro?

Quebramos a rola com o vidro transparente, tomamos na tarraqueta com a parede á esquerda, a parede á direita nos infringiu uma degradante derrota; e agora na parede do fundo... tomamos no fundilho.

Afinal para que queremos porta, se nem chave temos?