Jarosh: viagem insólita

Tarde de 12 de Março de 2036, cidade de Napsol, antiga Boscol. Um jovem Napsiano andava com os cabelos ao vento, sentindo o ar quente que vinha do Sul. As estações estavam mudadas. Jarosh rapaz alto, ruivo, madeixas encaracoladas, pegou sua mochila colocou no chão e começou a fazer movimentos giratórios. Cada vez mais veloz. Rodopiando por horas, numa espécie de transe.

Sentou, começou a sorrir olhando para o infinito. Seus olhos brilhavam. Parecia não estar ali. Sentindo o contato com todas as forças do universo. Seus punhos estavam cerrados. Parecia segurar aquela energia que teimava em querer escapar. Soltou um grito olhando para o infinito. Sua voz ecoou por todo o vale. Estremeceu os pássaros droners espiões que rondavam no céu. Andou alguns passos e ajoelhou. Sua carne tremia, tremia e suava. Deitou naquela terra, sua face ainda continha aquele brilho. Abriu os olhos mas semi-cerrados com a respiração ofegante e disse:

- Vou continuar a luta!!!!

Ao anoitecer levantou, ainda meio tonto. Sentindo os efeitos do transe giratório. Começou a seguir sem rumo, só queria seguir, seguir.....

O horizonte era seu guia, sem saber se o perseguia ou vice-versa. Olhava a paisagem Napsiana, como era diferente, como tudo mudou. Desfigurou. Perdeu a essência, escamoteou para o incompreensível. O total caos.

Jarosh pensativo e sozinho, caminhava na procura de si mesmo. Do endo-pensamento. Introspecção tão necessária para aquele momento de transição planetária. Mudança forçada, do autoconhecimento, da transmutação corporal e mental. Meditava todos os dias com seu ritual giratório. Incompreensível, mas necessário, da busca frenética de "Ser", não sendo, sendo sem "Ser". Isso tudo corrói a espécie buscante, incessante, inquieta, mutável, mutante, ante a intolerância das que não buscam.

Seu território é a incansável busca do Ser, do Ser completo.......

Vander P
Enviado por Vander P em 25/08/2014
Reeditado em 23/04/2024
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