Janela branca
Dos meus pensamentos desenho uma janela, a mesma janela que nas minhas noites de mente vázia ficava a observar as luzes dos carros de um lado para o outro, a mesma janela que tranquilamente as vezes chorava fumando o meu cigarro.
Lá eu encontrava o conforto que eu sempre tive ao lado mas nunca o quis enxergar...
Hoje a posso desenhar com perfeição em minha mente, uma janela branca cheia de poeira no meio dos ferros entrelaçados, ela tinha vidro e tranca, porém um fio preto de telefone atrapalhava o trinco.
Mas era da janela que gostava de observar o céu tão estrelado e as vezes tão avermelhado denso de chuva , e lá ficava a observar, a chuva caindo do céu pingo por pingo.
As vezes na janela, a fumar e com os pensamentos vagos ficava a observar a fumaça se esvaindo no ar, assim como sentia meu coração em alguns momentos.
A mesma janela que as vezes na pressa de ir ao trabalho, esquecia aberta e inundava a minha cozinha, eu adorava a noite ficar a observar o vão que tinha na frente da minha janela, do outro lado do portão branco.
A mesma janela que outra hora era apenas um lugar para observar o céu, o movimento lá fora, o os faróis dos carros, me serviu muito para ser também meu ponto de refúgio, era lá também que chorava olhando para o nada, era lá que ficava a esperar ver minha alegria chegando de longe com um sorriso nos lábios, e um olhar tão meigo e acolhedor.
Hoje sinto falta da janela, meu ponto de refúgio, meu ponto de alegria, meu ponto de lembranças.
E agora só restou o desenho dessa mesma janela, em meus pensamentos.